O vestibular vem aí. Nas faculdades particulares, sobram vagas. Faltam candidatos. O jeito é dar um jeito. Na guerra do pega aluno no laço, vale tudo. Outdoors com propaganda se espalham cidade afora. Jornais exibem êxitos e mais êxitos dos estudantes de tal e qual curso. Tevês e rádios não se cansam de anunciar as vantagens de frequentar uma ou outra escola superior. Ufa!
As mais poderosas vão além. Imprimem minicadernos e os encaminham a possíveis interessados. O Antonio Marcello recebeu um. Folheou-o por mera curiosidade. Estava sentadinho, com os pés firmes no chão, quando leu este trecho em destaque: “Prepare-se. Depois de virar esta página, o seu entendimento sobre educação superior e sobre atendimento comunitário nunca mais serão os mesmos”.
Petrificado, ironizou: “Parece que, nesse centro universitário, a maioria foram, o pessoal chegaram e a equipe de professores saíram.
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É a história de mais um tropeço na concordância. O autor se esqueceu de que o verbo sofre de mal crônico. Denomina-se bajulação. O sujeito é o objeto do paparico. Aonde o adulado vai, o puxa-saco vai atrás. Esse servilismo se chama concordância verbal. O 1º mandamento: o verbo concorda em pessoa e número com o sujeito.
Trocando em miúdos: se o sujeito estiver no singular, o verbo também estará. Se no plural, idem. Mais: se o sujeito for da 1ª pessoa (eu, nós), o verbo não perguntará duas vezes. Também se flexionará na 1ª pessoa. E fará o mesmo com o sujeito na segunda (tu, vós, você, Vossa Senhoria) ou na 3ª (ele, Sua Senhoria). Em suma: O verbo é um incorrigível lambe-bota.
O assunto é mole, mole. Por que o tropeço? Porque a gente se descuida do mandachuva. No caso, o sujeito vem acompanhado de dois complementos. Ficou longinho do verbo. Não deu outra. Bobeira na certa:
Depois de virar esta página, o seu entendimento sobre educação superior e sobre atendimento comunitário nunca mais serão os mesmos.
A oração tem um sujeito. É entendimento. Ele vem acompanhado de dois complementos. Um: sobre educação superior. O outro: sobre atendimento comunitário. Ora, o verbo tem compromisso com o sujeito. Só com ele concorda: …o seu entendimento nunca mais será o mesmo.
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