“Tal pai, tal filho”, prega a regra que põe a família acima de tudo. Em bom português: as palavras derivadas seguem a primitiva. Umas e outras mantêm a grafia original sem tossir nem mugir:
trás, atrás, traseiro, atraso, atrasar, atrasado
casa, casinha, casebre, casarão, caseiro, casamento, acasalar
gás, gasolina, gasoduto, gasoso, gaseificado
cruz, cruzar, cruzinha, cruzada, cruzeiro
exame, examinho, examinador, examinar, examinado
As palavras, como as pessoas, não são todas santas. Entre elas, existem as que pulam o muro. Formam, então, duas famílias. Uma erudita, vinda lá do latim. Outra popular, nascida depois que a língua-mãe se transformou em português. Sobram exemplos de useiros e vezeiros da prática da duplicidade.
Num caso e noutro, a família canta de galo. Se o nobre faz filhos, a criança terá sangue azul. Se o plebeu gerar meninos e meninas, a moçada não negará a raça. Sangue vermelho lhe correrá pelas veias. Veja o exemplo do clã adocicado. Doce, docinho, docemente, adocicar, adocicado, dócil, docilidade são gente como a gente. Dulcificar, dulcificação, dulcificante, dulcífico, dulcíssimo, dulcíssono exibem cetros e coroas.
Moral da história: na língua impera a democracia. A lei da família vale pra todos.
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