“Eu fiz um compromisso a favor da intervenção”, disse Eunício Oliveira. Diante de microfones e câmeras, o presidente do Senado recorreu a modismo que se espalha Brasil afora sem cerimônia e sem economia. Trata-se do abuso no emprego do verbo fazer. É um tal de fazer aula disto ou daquilo, fazer tal e qual doença, fazer mortes, fazer falta, fazer erros. E por aí vai.
Na língua existem os verbos-ônibus. Eles funcionam como transporte coletivo. Cabem em 42 contextos e um pouco mais. Imprecisos, denunciam o redator preguiçoso ou pobre de vocabulário. Fazer é um deles. Dia a dia o dissílabo ganha novos assentos como provou Sua Excelência. Valha-nos, Jesus Cristo e Virgem Maria!
É possível substituí-lo por outros mais precisos. Com um cuidado: sem pedantismo, afetação ou rebuscamento. Fazer uma carta? É escrever ou redigir a carta. Fazer aulas? É assistir a aulas. Fazer um discurso? É proferir o
discurso. Fazer uma estátua de mármore? É esculpir a estátua de mármore. Fazer o trajeto de carro? É percorrer o trajeto. Fazer medicina? É cursar medicina. E fazer um compromisso? É assumir um compromisso.
Resumo da opereta senatorial: Fazer não substitui cometer, praticar, ter, assumir, causar, etc. e tal.
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