A língua tem mais manhas do que imagina nossa vã filosofia. Enunciados vão além da combinação de palavras. Eles jogam em três times. Um deles: fato. Outro: inferência. O último: julgamento.
Fato
O dito ou o escrito pode ser verificado? Pode ser classificado de verdadeiro ou falso? É fato. É fato que o procurador apresentou denúncia contra o presidente. Quem duvida pode ir ao STF e comprovar o ato. É fato que Raquel Dodge é a primeira mulher a chefiar o Ministério Público Federal. Quem não acredita tem a possibilidade de consultar a lista dos chefões da Procuradoria Geral da República. É fato que o Brasil chegou aos 200 milhões de habitantes. O censo do IBGE atesta a declaração.
Inferência
Ninguém vive só de fatos. Somos inteligentes, temos informações e podemos ir além. Em bom português: fazemos ilações, inferimos. Maria faltou à aula de sexta. Por quê? Não sei, mas tento explicar. Imagino que ela tenha ficado sem transporte por causa da greve. É inferência. Pode ser. Pode não ser. Nada impede que Maria esteja doente. Ou tenha caído na tentação de faltar ao compromisso pra curtir o frio debaixo das cobertas.
Julgamento
Todos têm direito de emitir opinião. Ou julgamentos. Mas precisam ter clareza: opinião não é fato. Dizer que o amarelo é a cor mais bonita que existe? Que o Corinthians joga o melhor futebol do Brasil? Que a roupa de inverno torna as pessoas elegantes? É opinião. A gente concorda ou não. Mas respeita.
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