Se o falante tem ânsia de brevidade, a língua não o deixa na mão. Colabora. Por isso, inventou a abreviatura. Reduz um palavrão a poucas letras. Doutor vira dr. Apartamento, ap. Quilômetro, km. Mas a ajuda tem preço. São as regras para usar as pequeninas. A mais importante: ter pena do leitor. A redução precisa ser familiar, facilmente entendida.
Não só. As abreviaturas formadas pela diminuição de palavras têm três manhas. Uma: exigem o ponto final. A outra: não abrem mão do s do plural. A última, mas igualmente importante: mantêm o acento original: capítulo (caps.), companhias (cias.), páginas (págs.), século (séc.), código (cód.).
Tal como na vida, na língua há os privilegiado perante a abreviatura. É o caso do símbolo de hora, minuto, segundo, metro, quilo, litro e respectivos derivados (quilômetro, mililitro). Eles são sem-sem – sem o ponto abreviativo e sem o s indicador de plural: 5h30, 3h30min14, 4,5m, 20kg, 10ml.
Pragas aparecem de vez em quando. A mais recente atingiu a nobre figura do professor. Os manuais dizem que a abreviatura do mestre é prof. Mas, por alguma razão alheia à vontade de Deus e dos homens, começaram a brindá-lo com um ozinho (profº). O intruso aparece até em cartazes de faculdade. É a recita do cruz-credo.
A língua detesta redundância. O masculino não precisa do o. O feminino, sim, pede a. O plural, s. Compare: professor (prof.), professores (profs.), doutor (dr.), doutores (drs.), professora (profª), doutora (dra.), professoras ( profªs), doutoras (dras.).