Diminutivo
A mania vem de longe. Mas se agrava dia a dia. Virou vício. Profissionais parecem treinados a não usar o grau normal dos nomes. É um tal de sapatinho lá, comidinha pra cá, cortininha pracolá. O salão foi atrás. A pedicure pede o “pezinho” da cliente que calça 40. O cabeleireiro corta o “cabelinho” que bate na cintura. A esteticista promete boa “limpezinha” de pele da adolescente com a cara coberta de cravos. Desaforada, a garota deu o recado:
— Não quero limpezinha. Quero limpeza. Quero limpezão.
Deu meia-volta, bateu asas e voou. Com ela, as clientes que não querem ser clientezinhas. E daí? Profissionais tiveram curso. Reaprenderam o grau normal. Pra evitar recaídas, o gerenciador de crise leu este texto de Juarez Fonseca. O personagem é o escritor gaúcho Mário Quintana:
Obrigadinho
Autografa um de seus livros com a tranquilidade costumeira, dizendo uma coisa ou outra para as crianças da fila, quando é apresentado a um ministro de Estado de passagem por Porto Alegre que estava ali para cumprimentá-lo. Curvando o corpo, o político confessa, tentando ser gentil:
— Gosto muito de seus versinhos.
Quintana, abrindo aquela sua expressão típica de incredulidade, revida no mesmo instante:
— Muito obrigado pela sua opiniãozinha.
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