Como fazer a concordância quando o sujeito da oração é o pronome relativo quem? (Ângelo Chen)
O quem é um dos espinhos da língua. Muita gente corre dele. Não sabe se faz a concordância com o pronome pessoal ou com o quem. Para não dar vexame, busca outra construção. É uma saída. Mas vale a pena entendê-lo para descobrir que o leão é manso. Siga as dicas:
Primeiro passo
Saiba que um é dois. Quem equivale a dois pronomes — aquele que: Eu admiro quem (aquele que) me admira.
Segundo passo
Desvende a paixão do verbo. Ele é louquinho pela 3ª pessoa do singular. Por isso, adora concordar com quem: Não fui eu quem saiu cedo. Não foi ele quem chegou atrasado. Somos nós quem decifra o endereço. Foram eles quem pagou a conta.
Esquisito? Pode ser. Mas, se invertermos a ordem das orações, a construção soa natural: Quem entregou a carta fui eu. Quem chegou atrasado não foi ele. Quem decifra o endereço somos nós. Quem pagou a conta foram eles.
A língua é um conjunto de possibilidades. O quem morre de paixão pela 3ª pessoa do singular. Mas suporta outra construção. Se quiser, você pode fazer a concordância com o pronome pessoal: Fui eu quem saí cedo. Não foi ele quem chegou atrasado. Somos nós quem deciframos o endereço. Foram eles quem pagaram a conta.
Acredite: o quem não ama essa forma. O amor dele, de verdade, é a 3ª pessoa do singular. Mas o pequenino é gilete. Corta dos dois lados.
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