Quem diria! Ilhazinha despretensiosa do Mediterrâneo causa estragos. De um lado, balança a União Europeia. A crise dos bancos que fazem a festa dos russos endinheirados afeta os países da zona do euro. De outro, agride a língua portuguesa. Repórteres dizem “o Chipre”, “do Chipre”, “no Chifre”. Bobeiam. Chipre rejeita o artigo. Basta Chipre: Sou de Chipre. Moro em Chipre. Quem nasce em Chipre é cipriota. Como saber?
Chipre? O Chipre? Sergipe? O Sergipe? Goiás? O Goiás? Tocantins? O Tocantins? Valha-nos, Deus! Como sair da enrascada? A resposta está no dicionário. Procure o adjetivo pátrio. Preste atenção à definição. Ela diz “natural ou originário…de?” Então, nada de artigo. “Natural ou originário do, da, dos, das? O artigo pede passagem.
Cipriota é o natural de Chipre. Sergipano, de Sergipe. Goiano, de Goiás. Tocantinense, do Tocantins. Estadunidense, dos Estados Unidos. Bahamense, das Bahamas. Assim, diga de boca cheia, com orgulho sem fim: A crise de Chipre derrubou as bolsas europeias. Sergipe se prepara pra semana santa. Paulo nasceu em Goiás, mas o irmão veio ao mundo no Tocantins. Quero visitar Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
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