Um texto limpo não cai do céu. Nem salta do inferno. Nasce de trabalho, humildade, desapego. E muita faxina. Como diz o outro, 10% de inspiração e 90% de transpiração. A escrita agradável tem muitos segredos. Um deles: fugir do artigo indefinido. Um, uma, uns, umas fazem estragos. Tornam o substantivo impreciso e molengão. Mais ou menos como Sansão sem cabelo.
Quer ver?
O leilão de áreas de exploração de petróleo atingiu (um) ágio recorde. Em 1941, Nélson Mandela fez (uma) greve contra o racismo. Marinheiros se feriram em (um) choque de embarcações. Deus é (um) poder supremo. Foi (uma) atriz muito talentosa. (Um) outro bate-boca ocorreu ontem entre o marido e a mulher. Falava com (um) tal cuidado que parecia medir as sílabas. Ele revelava (uma) certa satisfação. Vestia-se com (uma) igual solenidade em todas as ocasiões.
Para que os artigos? Só pra estragar a frase. Eles detonam o esforço de planejamento e redação. Fora!
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