Henrique Pizzolato era diretor do Banco do Brasil. Além de prestígio e salário invejável, recebia tratamento VIP. A convivência com poderosos lhe deu a sensação de superpoder. Resultado: envolveu-se com as falcatruas do mensalão.
Como diz o outro, o homem faz e Deus desfaz. Quem se sentia acima da lei caiu nas malhas da Justiça. Foi julgado e condenado. Passar 12 anos na Papuda? Nem pensar. “Prefiro morrer do que cumprir pena no Brasil”, disse ele. Bateu asas e voou pra Itália.
Não colou. Ele teve de voltar. Ao lhe darem a notícia, todos esperavam que repetisse a frase. Não repetiu. Mas, mesmo assim, a sentença ganhou espaço em jornais, rádios e tevês. Brasileiros atentos prestaram atenção a ela. Ops! Cadê regência?
Mistura doida
O verbo preferir sofre de doença pra lá de comum. É o contágio. Muitos confundem a regência dele com a de gostar. Aí, não dá outra. A frase vira o samba da mistura doida. Que tal demarcar o limite de um e de outro?
Gostar
A gente gosta de alguém ou de alguma coisa: Gosto de cinema. Gostamos de viajar na baixa estação. Alguém gosta de restaurante com música alta?
Gostar admite o grau comparativo. Pode-se gostar mais ou menos: Gosto mais de Maria que de Paula. Gosto menos de Paula que de Maria. Ela gosta mais de cinema que de teatro .
Preferir
Olho na diferença, moçada. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Prefiro cinema a teatro. Preferiram o Rio a Maceió. A jovem preferiu Paulo a Pedro.
Viu? Ao dizer “prefiro morrer do que cumprir pena no Brasil”, Pizzolato trocou a preposição. Usou a de gostar (de). Bobeou. O a , glorioso, pede passagem: Prefiro morrer a cumprir pena no Brasil.
Há mais
Dizer “prefiro mais”? Nem pensar. No sentido do verbo, está contido o mais & cia. intensificadora. Afinal, preferir é gostar mais. Por isso, deixe pra lá exageros como estes: Prefiro (mais) peixe a frango. Prefere (mil vezes) cinema a teatro. Preferia (antes) legumes crus a legumes cozidos.
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