Na academia, a moçada suava. Malhas colantes em corpos sarados, rapazes e moças conversavam. O assunto era um só. a festa dos formandos da faculdade de arquitetura. O badalo prometia. Música boa e gente interessante eram as maiores atrações.
No meio da conversa, Paulo perguntou:
— Quanto custa o ingresso?
— A festa é 0800, cara.
— 0800? A festa é de grátis?
De grátis? Paulo misturou as bolas. Mas não está sozinho no time promíscuo. É cada vez mais freqüente ouvir a expressão. A coisa começou na campanha eleitoral. Políticos a usavam. Eleitores a repetiam.
No início, por gozação. Depois, por hábito. A língua é um conjunto de possibilidades. Generosa, oferece um leque de opções para dizer a mesma coisa. “A festa é 0800”, informa a moçada.
“A entrada é franca”, preferem os pais. “A entrada é grátis”, anunciam as tias. “A entrada é de graça”, dizemos todos.
“De grátis” resulta de mistura indigesta. Pega o de de “de graça” sem pedir licença. E o acrescenta ao “grátis” sem autorização. É contágio. Vacina na turma!
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