Eles disseram:

“Uma palavra posta for a do lugar estraga o pensamento mais bonito.”
Voltaire

Verbo, o senhor da fala
55 — rir

O verbo gozador

“Estava contando um caso”, diz Clara Beatriz. “Em certo momento, precisei usar o verbo rir. Bateu a maior dúvida. É eu ‘rio’ mesmo? No aperto, substituí rir por dar risada. Deu certo. Mas a dúvida ficou. Qual é a do verbinho?”
Clara sabe que a língua é sistema de possibilidades. Na dúvida, a gente lança mão de outro jeito de dizer. Foi o que ela fez. Foi pra lá de sabida. Mas a dúvida ficou. Vamos ajudá-la? Marque a opção que merece nota 10:

Rir é verbo defectivo. Não tem a primeira pessoa do singular do presente do indicativo (eu rio) e, conseqüentemente, o presente do subjuntivo.
b. Rir é verbo irregular. Foge ao paradigma da conjugação, mas tem todas as pessoas, tempos e modos.

O melhor remédio
Rir é gozador. Ri de nós. Em razão do ‘eu rio’, as pessoas pensam que ele é defectivo. Que teria falta de pessoas, tempos ou modos. Nada disso. O boa-vida é completinho da silva. Mas é irregular. Foge ao modelo da conjugação dele.
Eis o senhor rir. Ria com ele:
Presente do indicativo: eu rio, tu ris, ele ri, nós rimos, vós rides, eles riem
Pretérito perfeito: eu ri, tu riste, ele riu, nós rimos, vós ristes, eles riram
Pretérito imperfeito: eu ria, tu rias, ele ria, nós ríamos, vós ríeis, eles riam
Presente do subjuntivo: que eu ria, você ria, nos riamos, eles riam
Futuro do subjuntivo: se eu rir, você rir, nós rirmos, eles rirem
E por aí vai.
Moral da história: rir é o melhor remédio. Ria. Ria muito. Ria sempre. Ria alto. Você merece. Nós também.

Mãos à obra
Está pra lá de certa a opção:

É importante que eu rie muito pra manter o bom humor.
É importante que eu ria muito pra manter o bom humor.

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A resposta? Na próxima coluna. Até lá.
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Na semana passada, você marcou a frase nota 10. É ela:
a. Quando tiver o trabalho e puser os créditos, telefono pra você.

b. Quando ter o trabalho e pôr os créditos, telefono pra você.
Escolheu a letra a? Acertou em cheio. Vá em frente.

(Coluna publicada no Gabarito, caderno que circula no Correio Braziliense às segundas-feiras.)