O céu estava em polvorosa. Novo morador batia à porta. Drummond, Bandeira, João Cabral & cia. talentosa formavam o comitê de recepção. Todos queriam dar o abraço de boas-vindas ao velho amigo. Ferreira Gullar entrou com aquele jeito meio tímido, sorriso largo e vontade de falar. Contou as novidades do Brasil.
Numa pausa, Deus pediu a palavra. Disse que se virava bem em português. Mas tinha muitas dúvidas. Uma delas veio à tona no encontro daquela turma tão especial. Tratava-se do feminino de poeta. Poeta ou poetisa? Cecília Meireles se apressou em responder:
— A gramática diz que é poetisa. Mas eu sempre achei que a forma desqualificava a mulher. Exigi ser tratada de poeta. A moda pegou.
Deus suspirou aliviado. Podia continuar a falar como sempre falou. Nos tempos em que Ele aprendeu a língua de Camões, os professores lançaram mão de recurso pra ajudar a moçada a decorar a lição. “Poetisa rima com papisa”, ensinaram os velhos mestres. O Senhor sorriu. Depois de um silêncio respeitoso, a conversa continuou solta.
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