É a pedra no caminho

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  Ops! O ano de 2009 começou farto. A safra de vexames bate recordes. Partidos vão pra lama. Políticos se afundam em denúncias. Executivos escondem com palavras o que os fatos teimam em mostrar. Resultado: o vocábulo escândalo reina glorioso. Figura em manchetes de jornais e na boca do povo, do povinho e do povão.
  De onde vem ser tão abrangente? A criatura vem do grego. Na língua de Platão e Aristóteles, skándalon quer dizer pedra que faz tropeçar. Depois, passou para o latim. Com o tempo, mudou de país, idioma e cultura. Disseminou-se. Mas manteve o significado. Lá, cá e acolá, alia-se a erros e pecados. Valha-nos, Deus!

De castelos e mansões
  O escândalo passou por Edmar Moreira, dono do castelo mineiro. Bateu no PMDB, o maior partido do país. Chegou ao diretor geral do Senado. Agaciel Maia mora em luxuosa mansão de luxuoso bairro de Brasília. A casa é dele, mas está no nome do irmão, o deputado João Maia. Sua Excelência não declarou o imóvel à Receita. O caso veio à tona. Agaciel teve de se explicar. Diante de microfones e câmeras, declarou: “O acerto foi feito entre eu e meu irmão. É coisa fraterna, de família”.
  Não convenceu. O xis da questão não se deve ao contrato de gaveta. Mas ao tropeço. Tal como diz a etimologia da palavra, escândalo é pedra que faz tropeçar. No caso, a pedra foi a língua. O pronome eu tem alergia a preposição. Antecedido pela indesejada classe, dá a vez ao mim: Gosta de mim (não de eu). Trabalha para mim (não para eu). Falou por mim (não por eu).
  Fácil? Fácil. Tão fácil quanto andar pra frente. Ou tirar chupeta de bebê. Mas, por alguma razão que até Deus ignora, a turma tropeça no entre. Vale lembrar: entre é preposição como de, por, para & cia. limitada. Provoca as mesmas erupções no intolerante pronome eu. Depois dele, só o mim ganha banda de música e tapete vermelho: Nada existe entre mim e você. O acerto foi feito entre mim e meu irmão. Trabalha para mim, para ti e para o presidente.

Dad Squarisi

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