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“Esta não é uma cidade do tamanho do homem”, disse o professor de filosofia da Universidade de Hidelberg que visitava Brasília. Ele estava no alto da torre de televisão. Há 40 anos, a paisagem que via era muito diferente da de hoje. Só a Asa Sul estava com as obras avançadas. A W3 exibia o melhor comércio da cidade, havia superquadras completas, carros circulavam pelo Eixão e eixinhos. A Esplanada dos Ministérios e o complexo da Praça dos Três Poderes exibiam-se na feição atual. A Asa Norte se restringia à UnB e arredores. Os lagos pareciam o faroeste americano.
Quando o alemão definiu a capital do Brasil, as pessoas que o acompanhavam automaticamente olharam pra baixo. Poucos pedestres, pequenos como formiguinhas, circulavam pelas calçadas quentes e empoeiradas. Eram minúsculos e invisíveis seres perdidos entre prédios de concreto que dominavam a paisagem. Mas a pequena comitiva que acompanhava o visitante tinha uma certeza — urbanizada, a cidade se humanizaria. Era questão de tempo.
Quarenta anos depois, evento promovido pela UnB lembrou a frase do professor. O encontro Brasília, cidade verde, realizado no sábado em frente ao Conic, discutiu a urbe que queremos — com mais praças, mais gramados, mais áreas de lazer, mais acessibilidade, mais espaços para pedestres e ciclistas. Em suma: uma cidade do tamanho do homem.
É contraditório. Lucio Costa partiu da dimensão humana ao planejar prédios residenciais de no máximo seis andares. Traçou imensos jardins para promover a convivência. Mas faltam bancos para uma prosa sob a sombra das árvores. Fontes que deveriam jorrar água para aliviar a aridez do clima vivem secas. Calçadas inibem o prazer da caminhada. Banheiros públicos, quando existem, são triste retrato do abandono. O brasiliense quer que lhe devolvam a cidade. Que tal entregá-la embalada para presente em 21 de abril de 2010? Com a palavra, o governador Arruda.
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