Tudo muda. As pessoas também. Dilma serve de exemplo. De olho na popularidade do papa, ela se mandou pra Roma. A imprensa divulgou a tietagem. “A presidente assistiu a missa celebrada pelo novo pontífice”, escreveu o jornal. “Milagre! Milagre!”, alardearam os crédulos. “Sua Excelência virou sacristã.”
Bons leitores, eles interpretaram a mensagem sem inferências nem julgamentos. Fixaram-se no verbo. Assistir tem duas regências. Uma: assistir a. Com a preposição, quer dizer presenciar (assisti ao show, assisto à aula, assistimos ao debate). A outra: assistir. Sem preposição, significa prestar assistência (o governo assiste os desabrigados, o médico assistiu os enfermos, professores assistem alunos com falhas na aprendizagem).
Viu? A ação da moradora do Palácio da Alvorada se encaixa na segunda regência. Sem preposição, significa que a todo-poderosa fez as vezes de coroinha. Não é isso? Então a presidente assistiu à missa. Aí, ela presenciou a missa. De longe. Como nós.
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