Viagens presidenciais à bela ilha do Caribe não passam despercebidas. Merecem páginas de jornais. Excitam comentaristas. Dividem opiniões. Ocupam espaços generosos nos telejornais. Em suma: chamam mais a atenção que melancia pendurada no pescoço.
A visita de Dilma segue o script. Equipes encarregadas de cobrir o evento apresentaram pautas criativas, fizeram entrevistas, descobriram histórias trágicas e divertidas no mais de meio século de ditadura dos irmãos Castro. Mas um pormenor manteve-se teimoso. Trata-se de grampinho pra lá de intruso. Não faltou quem escrevesse “Dilma vai à Cuba”, “Dilma chega à Cuba”. Valha-nos, Deus!
Nome de países, estados e cidades são caprichosos. Ora pedem artigo. Ora esnobam-no. Por isso, às vezes exigem crase. Às vezes não. Como saber? Há um truque. Construa a frase com o verbo ir. Depois, substitua-o por voltar. Por fim, siga o conselho da quadrinha: Se, ao voltar, volto da, crase no a. Se, ao voltar, volto de, crase pra quê?
Teste o versinho. Com ou sem crase?
Dilma vai a Cuba. Dilma volta de Cuba.
(Se, ao voltar, volta de, crase pra quê?)
Dilma vai à Cuba de Fidel e Raúl Castro. Dilma volta da Cuba de Fifel e Raúl Castro.
(Se, ao voltar, volta da, crase no a.)
Mais exemplos:
Vou a Paris, a Londres e a Roma. Volto de Paris, de Londres e de Roma (crase pra quê?).
Vou à Paris da alta costura, à Londres do fog e à Roma dos cézares. Volto da Paris da alta costura, da Londres do fog e da Roma dos Cézares (volto da, crase no a).
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