Dicas tiradas do jornal

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Não é árabe
  O homem é polêmico. Estatura baixa, passos lentos e fala mansa, Mahmud Ahmadinejad visitou o Brasil. Ficou menos de 24 horas em Brasília. Mas provocou manifestações. Judeus e homossexuais não queriam ver a criatura nem pintada. Têm razão. O presidente do Irã quer varrer Israel do mapa e persegue pessoas com opção sexual diferente da dele. Nem todos, porém, lhe faziam oposição. Bandeiras iranianas tremulavam em mãos de jovens brasilienses. Entre amor e ódio, uma questão chamou a atenção. Muitos se referiam a Ahmadinejad como árabe. Nada feito. Só é árabe o país que fala a língua árabe. O Irã é a antiga Pérsia. Fala persa. Ou, como dizem alguns, farsi ou persi. Árabe não é.

Caminho das Índias
  Caminho das Índias ganhou o Emmy. O prêmio é tão importante que muitos o chamam de Oscar da telenovela. Glória Perez e Juliana Paes foram aos States receber o troféu. Conjugaram, então, o verbo premiar. O desejado das gentes ofusca vitoriosos e derrotados. Alguns tropeçam na flexão. Pensam que ele joga no time do irmãozinho odiar. Dizem “premeia”. Nem pensar. Eis a forma nota 10: eu premio, ele premia, nós premiamos, eles premiam; eu premiei, ele premiou, nós premiamos, eles premiaram; que eu premie, ele premie, nós premiemos, eles premiem.
E por aí vai.

Quanta água!
  Eta chuva! A água que cai do céu castiga o Rio Grande do Sul. Alaga ruas, afoga casas, desabriga famílias e mais famílias. Ambientalistas dizem que a tragédia se deve ao desenvolvimento desenfreado. Bocas de lobo entupidas e muito asfalto atrapalham o caminho da água. Resultado: abrem-se alas para as enchentes.
Ops! Boa parte das palavras começadas com en escrevem-se com x. É o caso de enxame, enxoval, enxugar, enxergar, enxofre. Mas enchente se grafa com ch. Por quê? Ela é gente de família. Pertence ao clã de cheio e encher. O ch funciona como sobrenome. Outros vocábulos fazem parte do time de enchente. Charco deu origem a encharcar. Chiqueiro, a enchiqueirar. Choça, enchoçar. Chouriço, enchouriçar. Chocalho, enchocalhar. Ufa!

Indenização
  Você se lembra? Em 22 de julho de 2005, a polícia de Londres confundiu Jean Charles com terrorista. Disparou sete tiros contra ele. O brasileiro morreu. A família não se conformou. Acionou judicialmente os fardados de lá. Na segunda, saiu o resultado — indenização de 100 mil libras. O montante equivale a mais ou menos R$ 286 mil.
Indenização, vale lembrar, vem do latim indemne. Na nossa língua de todos os dias, a trissílaba virou indene. Ambas têm o mesmo significado. Querem dizer ileso, que não sofreu dano ou prejuízo. No falar jurídico e no de todos nós, tem a acepção ressarcir o dano causado a outrem. A polícia roubou a vida do jovem. Para reparar o mal, desembolsará quase R$ 300 mil. É pouco, não?

Dad Squarisi

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Dad Squarisi

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