José Queiroz é jornalista. Bom profissional, preocupa-se com a qualidade do texto. Sabe que tudo conta. A pontuação não foge à regra. Exerce papel-chave. Às vezes não compromete a compreensão da mensagem, mas funciona como cartão de visita do redator. Daí a pressa em sanar uma dúvida. Trata-se do emprego de dois-pontos e aspas. “Afinal, o ponto vai dentro ou fora das asas de urubu?”, pergunta.
Resposta: depende. Se as aspas abrem e fecham o período, o ponto faz parte do enunciado. Vai dentro. Se pegam carona na frase, vai fora. Compare:
“A vírgula não foi feita pra humilhar ninguém.” A frase de José Cândido de Carvalho parodia a de Ferreira Gullar: “A crase não foi feita pra humilhar ninguém”.
Deu pra entender? Então analise os dois textos encaminhados pelo José Queiroz. O primeiro, extraído da revista Piauí; o segundo, da Veja. Num, aspas e ponto merecem nota 10. Noutro, não estão com nada:
1. Faz apenas uma ressalva para um crítico japonês que o abordou no lançamento de Ensaio sobre a cegueira: “Você, de novo, fazendo o mesmo filme.”
2. O pai, Roberto, a quem Eduardo tem como ídolo e mentor, revela novos detalhes dessa escolha: “Foi duro também para mim, que construí nova vida nos Estados Unidos, quando o Eduardo disse que teria de renunciar à cidadania”.
E daí? Nos dois exemplos, as aspas não iniciam o período. Embarcam na frase no meio do caminho. O ponto deve vir depois delas. Palmas pra Veja.
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