O Congresso dá posse a Jair Bolsonaro. Jair Bolsonaro dá posse aos ministros. As 22 excelências chegaram lá sem disputar eleições. São nomes de livre escolha do presidente da República. Por isso, não têm estabilidade nem prazo de validade. São demissíveis ad nutum.
Demissível ad nutum
Em 1808, a família real chegou ao Brasil. Com ela, veio a corte portuguesa. Onde abrigar tanta gente? O jeito foi desalojar os moradores das casas mais ajeitadas. A forma era simples. Colocava-se na moradia escolhida um papel com a inscrição PR. As duas letrinhas queriam dizer príncipe-regente. Os cariocas davam-lhe outra leitura. Interpretavam-nas como ponha-se na rua.
Os tempos mudaram. Recados ganharam nova linguagem. No serviço público, o bem-humorado ponha-se na rua virou expressão pra lá de sisuda. É demissível ad nutum. A latina atinge os ocupantes de cargos de confiança. Eles podem ser demitidos a qualquer momento. Depende da vontade do chefe.
Em bom português
As duas palavrinhas vêm do latim. Ad quer dizer conforme, segundo, de acordo com. Nutum, sinal ou aceno de cabeça. Traduzindo: a um aceno de cabeça do poderoso, rua!
Consequência
“A insegurança do funcionário não estável foi fértil. Dela nasceu o decálogo do puxa-saquismo. Primeiro mandamento: o chefe tem sempre razão.
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