A edição 162 da revista da Gol trouxe boa matéria sobre o Rock in Rio. Mas lá pelas tantas, escreveu: “Agora em 2015 é o universitário Michael Azevedo, 25 anos, quem fará o que for preciso para ficar mais perto de sua ídola: a cantora Rihanna”. Passageiros leram. Alguns, sonolentos, passaram adiante. Outros, atentos, estranharam a língua. Uma das pulgas que lhes ficou atrás da orelha foi o emprego do pronome quem. A outra, o gênero de ídolo. “O redator pisou a bola?”, perguntaram eles. Pisou.
Dá uma força, vai
A língua é como as pessoas. Nós gostamos de realçar o que merece destaque. Pomos colar no pescoço bonito, anel no dedo cuidado, presilha no cabelo invejável, etc. e tal. Ela não fica atrás. Cria meios de enfatizar palavras e declarações. Um deles: a duplinha é que. A expressão não exerce função sintática. Pode cair fora sem fazer falta à estrutura da frase. Mas, sem ela, a declaração perde temperinho que lhe dá sabor especial.
Qual o problema do enunciado? O redator se esqueceu de pormenor pra lá de importante. A expressão é invariável. Em qualquer circunstância, apresenta a mesma cara — é que. Assim: Nós é que somos brasileiros. O Flamengo é que é o melhor time do Brasil. Eles é que sabem das coisas. É o índio do Xingu que faz a melhor tapioca do país.
Tira-teima
A partícula é expletiva? Então pode bater asas e voar. O recado será dado sem ela. Perderá um pouco de graça, é verdade, mas manterá a ideia: Nós somos brasileiros. O Flamengo é o melhor time do Brasil. Eles sabem das coisas. O índio do Xingu faz a melhor tapioca do país.
Voltemos à vaca fica. O repórter escreveu é quem — Agora em 2015 é o universitário Michael Azevedo, 25 anos, quem fará o que for preciso para ficar mais perto de sua ídola: a cantora Rihanna. Bobeou. Mereceria nota mil se tivesse respeitado o capricho da dupla manhosa. Assim: Agora em 2015 é o universitário Michael Azevedo, 25 anos, que fará o que for preciso para ficar mais perto de sua ídola: a cantora Rihanna.
Duvida? Vamos ao tira-teima. Sem o realce, o período ganha esta forma desidratada: Agora em 2015 o universitário Michael Azevedo, 25 anos, fará o que for preciso para ficar mais perto de sua ídola: a cantora Rihanna.
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