Possessivo, aparências que enganam
– Crase antes de pronome possessivo?
Os precipitados têm a resposta na ponta da língua:
– É facultativa.
Os atentos pensam duas vezes:
– Depende da frase.
E daí?
O pronome possessivo goza de privilégios. Ora vem acompanhado de artigo.
Ora não. Por isso, a gente pode dizer:
Minha cidade tem duas agências dos Correios.
A minha cidade tem duas agências dos Correios.
A crase é a fusão da preposição a com o artigo a. Quando o artigo é facultativo, a crase também é. Logo, está certinho da silva escrever:
Vou a minha cidade.
Vou à minha cidade.
Na incerteza, banque o São Tomé. Recorra ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca aparecer ao, sinal de crase. Caso contrário, xô, grampinho:
Vou a (ao) meu país.
Olho vivo! Nem tudo o que reluz é ouro. Há uma construção enganadora.
O a que antecede o possessivo às vezes tem cara de artigo. Mas artigo não é. Trata-se do ardiloso pronome demonstrativo. Veja a cilada:
Não fui a (à) minha cidade, mas à sua.
Desmembrando a segunda oração, temos:
Não fui a (à) minha cidade, mas à que (àquela que) é sua.
O raciocínio é um só: o artigo é facultativo. O pronome não. Bem-vinda, crase.
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