Conceição é símbolo

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Há dia de tudo — Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Dia dos Namorados, Dia dos Médicos, Dia da Secretária, Dia da Mulher, etc., etc., etc. São todos pra lá de festejados. Jornais, rádios e tevês lhes dedicam espaços generosos. Floriculturas faturam alto. Almoços e jantares se sucedem. Conjuga-se freneticamente o verbo presentear.

Bibliotecários também têm seu dia. É hoje, 12 de março. Mas fala-se pouco dele. Por quê? Vale o palpite. A história vem lá de trás. Vem dos tempos em que biblioteca funcionava como depósito de livros. Professores mandavam pra lá os alunos rebeldes. Eles recebiam uma obra. E ficavam ali, sentados, à espera de o tempo passar. Que tédio! Biblioteca virou palavrão. Bibliotecário, profissional preguiçoso que procura um encosto. Sem talento pra ensinar, era pra lá despachado.

Hoje o quadro mudou. As bibliotecas ganharam um adjetivo. São bibliotecas vivas. Elas atraem público com acervo atualizado, profissionais entusiasmados e oferta de algo mais que palavras escritas. A Biblioteca Demonstrativa (506 Sul) serve de exemplo. Dirigida pela Conceição Moreira Salles há 25 anos, tornou-se um centro de arte, lazer e serviço. Voluntários dão reforço escolar a quem precisa. Boys entregam livros na casa de quem não pode se locomover. Oficinas de literatura, dança, contação de histórias e tudo o mais fazem parte do calendário de atividades.

Mais: pintores, escultores, chargistas, fotógrafos expõem o talento para milhares de visitantes. Músicos criteriosamente selecionados se apresentam todos os meses nos palcos da casa. Palestras, debates, inclusão digital enchem salas e auditórios. Crianças, jovens e adultos têm acesso às estantes. Escolhem o que ler, ver ou ouvir. Folheiam livros, jornais e revistas. Representam. Verdadeiro deleite. São leitores conquistados.

Conceição sabe que, sem livros, o público se refugia na televisão. É pena. A tevê é uma opção a mais de informação e lazer. Não deve aposentar a leitura. Mas conviver com ela. O exemplo da Conceição faz escola. Serve pra bibliotecas públicas e particulares. A cidade agradece. Em reconhecimento, lhe deu o título de cidadã honorária de Brasília. 

Dad Squarisi

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