DAD SQUARISI // dad.squarisi@@correioweb.com.br
Reparou? Há algo no céu verde-amarelo além dos aviões de carreira. Notícias divulgadas aqui e ali comprovam a necessidade de rever velhos provérbios. Um deles: cada macaco no seu galho. Outro: queixe-se ao bispo. Mais um: todos são iguais perante a lei, mas há os mais iguais. No topo da lista: tudo como dantes no quartel de Abrantes. Desatualizados, os ditos pedem revisão.
A causa: novo personagem entrou no jogo do poder. Mantido sempre pra lá, o povo serve-se de instituições que lhe ampliam a voz. É o caso de ONGs, Procon, Ministério Público. A internet libertou a notícia do crivo dos editores. Foto ou fato rejeitados pela imprensa ganham o mundo. Milhões de internautas tomam conhecimento do assunto e decidem sobre sua importância. Sobram exemplos da guinada.
O Senado criou 97 cargos comissionados que seriam preenchidos por afilhados de Suas Excelências. A iniciativa causou indignação não só dos concurseiros, que ralam meia vida pra entrar no serviço público pela porta da frente. Eleitores do país inteiro entupiram os e-mails dos parlamentares em protesto contra a medida. Resultado: ficou o criado pelo não criado.
Consumidores descobriram a própria força. Com atraso, o antes todo-poderoso empresário se deu conta de que quem manda é o freguês. Resistiu? Perde o cliente e entra na lista suja do Procon. Os bancos ocupavam o topo do ranking das reclamações. Ninguém entendia o extrato da conta. Resultado: a pressão foi tal que as instituições financeiras mudaram o código.
Nada menos que 262 bebês morreram nos últimos seis meses na Santa Casa de Belém. A taxa de mortalidade na UTI neonatal bateu nos 56% em junho. A tragédia chegou à imprensa. Ouvida, a governadora disse que o índice nada tinha de excepcional. O Ministério Público entrou na jogada. Resultado: a direção do hospital caiu fora e, como diz o conselheiro Acácio, as conseqüências vêm depois.
Há muito mais. Motoristas bebuns matavam e aleijavam à solta. Com a lei seca, pensam duas vezes antes de casar bebida com direção. Políticos que usam o mandato como biombo pra fugir da Justiça estão com o nome sujo na boca do mundo. Mais: gente endinheirada, juízes & cia. até há pouco inatingível caem nas malhas da PF ou do MP. Aparecem algemados ou no camburão iguaizinhos aos pés-de-chinelo. Ops! Será que comigo também acontece?
(Artigo publicado na pág. 28 do Correio Braziliense)
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