Carnaval é sinônimo de alegria, descontração, irreverência. Blocos, escolas e foliões aproveitam os dias de Momo para exercitar a liberdade. De certa forma, retomam o tempo das saturnais romanas. Era um período alegre. Os servidores públicos entravam em recesso. Os tribunais fechavam as portas. Nenhum criminoso podia ser punido. Libertavam-se os escravos para assistir aos festejos. As famílias ofereciam banquetes.
Durante as celebrações, invertiam-se as posições sociais. Os escravos davam ordens aos senhores. Os senhores lhes serviam iguarias à mesa. Todos se mascaravam para ficar mais à vontade. Há quem diga que as máscaras nasceram aí. No Brasil, com disfarces ou sem disfarces, reservam-se quatro dias no calendário para brincar — sem licença para abusar.
Com permissão para extravagâncias, muitos se excedem e ultrapassam limites. Esquecem que conviver com os diferentes é conquista civilizatória que ninguém pode ignorar. O respeito e a tolerância são linhas intransponíveis. Ultrapassá-las tem consequências. É o caso do assédio. “Não é não”, diz o slogan estampado por mulheres em diferentes partes do corpo, mas nem sempre levado a sério por quem se sente no direito de desconsiderar a mensagem e ir além.
Levantamento de 2017 apresenta dado assustador — 87% das entrevistadas afirmaram ter sido assediadas durante a folia. Hoje assédio é crime. A Lei de Importunação Sexual, sancionada em setembro, distingue os casos de assédio dos de estupro ou atentado ao pudor. Antes, a punição era multa. Agora, é pena de um a cinco anos de prisão para quem aposta na impunidade e teima em interpretar o não como sim.
Outro sinal amarelo acende-se com o uso de bebida alcoólica. Grande parte dos acidentes de trânsito se deve ao consumo de substâncias etílicas antes de dirigir. Cerveja, uísque, vinho, vodca não combinam com volante. O motorista que optar por um deve abdicar do outro. A segurança e o bom senso aconselham recorrer a transporte público ou a táxi para se locomover.
Vias escuras, vazias e arborizados são ambiente propício a pessoas mal-intencionadas. Não só. Objetos valiosos e aparelhos eletrônicos constituem convite a assaltos. O índice de furtos e roubos aumenta consideravelmente no período de carnaval. Vale o exemplo de São Paulo. Em 2018, a polícia registrou quase 2 mil casos de roubo de celulares nos blocos da cidade — 263% a mais que em 2017. O percentual se aproxima nas grandes urbes do país.
O Estado, claro, deve garantir a segurança pública. Policiamento ostensivo e ações de inteligência são importantes para inibir a violência e poupar vidas. Mas o cidadão tem de fazer a sua parte. A lição pode ser sintetizada por três ações. A primeira: cuidar-se. A segunda: respeitar o outro. A terceira, não menos importante: conviver com o diferente.
(Editorial do Correio Braziliense de hoje.)
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