Caetana

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Que medão! Muitos acreditam no poder mágico das palavras. Elas atrairiam o mal que nomeiam. É o caso de câncer. Pra falar da doença, pessoas recorrem à sigla CA. Ou de diabo. Pra fugir da amedrontadora criatura, supersticiosos apelam para cão, capeta, demo, bicho, anjo rebelde, anhangá, beiçudo, coxo, coisa ruim. Valha-nos, Deus. Vade retro, satanás!

Morte não fica atrás. Pra fugir da dissílaba, vale tudo: passamento, viagem, ida para a companhia do Senhor, passagem desta pra melhor, espichar a canela, vestir paletó de madeira, bater as botas. Manuel Bandeira chamava-a “a indesejada das gentes”. Ariano Suassuna, Caetana. Segundo ele, mulher linda e carinhosa.

Fugir das palavras assustadoras tem nome. É eufemismo. Com ele, adocica-se o termo que choca, causa dor ou provoca imagens desagradáveis. A saída? Apelar para outra, mais branda.

Dad Squarisi

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