O assunto das rodinhas do fim de semana? Acredite. Foi o verbo manter. O danado é traidor que só. Adora armar ciladas. E tem especial predileção pelo futuro do subjuntivo. Como quem não quer nada, finge-se de certo. Mas certo não está. Os repórteres conhecem-lhe os truques. Mesmo assim, caem como patos.
Aconteceu outro dia. No alto da página do jornal, estava escrito em letras que até cego lê: “Arthur Virg ílio diz que os projetos previdenciário e tributário não serão aprovados se o governo manter postura imperial”. Sobrou indignação. Choveram protestos. Alguns leitores telefonaram. Outros mandaram fax. Muitos preferiram o e-mail. Não faltaram piadas, gozações ou ameaças de recorrer ao Procon.
Os generosos não deixaram por menos. Ofereceram aulinha grátis. Com ela, desmascararam o tempo-armadilha. Verbo é como gente. Tem pai e mãe. A família funciona como sobrenome. Acompanha a criatura vida afora. O paizão do futuro do subjuntivo é o pretérito perfeito do indicativo. Mais precisamente: a 3ªpessoa do plural. Tirado o -am final, eis que o rebento surge belo e glorioso:
Pretérito perfeito: eu mantive, ele manteve, nós mantivemos, eles mantiver(am).
Futuro do subjuntivo: se eu mantiver, se ele mantiver, se nós mantivermos, se eles mantiverem.
É isso. O jornal teria escapado da armadilha se tivesse estendido tapete vermelho para o texto: Artur Virgílio diz que os projetos previdenci ário e tributário não serão aprovados se o governo mantiver postura imperial.
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