Ontem me apanhei com uma dúvida, digamos, linguística. A manchete do jornal dizia: “Espanha vence Holanda e conquista título inédito”. Nada de mais, não é? Só que, de repente, pensei: “Inédito” quer dizer “não editado”, ou seja, não noticiado, impresso, divulgado. E nós nos acostumamos a empregar para qualquer fim, até para uma vitória futebolística. Será correto? Haverá outro termo mais apropriado? Diga-me, por favor, se souber de algum. Ou então me corrija, se inédito já estiver consagrado para uso com outras acepções.
(Ângela Leite de Souza, BH)
“Quem fica parado é poste”, diz o povo sabido. As palavras confirmam o dito. Irrequietas, transpõem fronteiras, adotam outras nacionalidades, mudam de classe e de significado como Deborah Secco muda de marido. Inédito não foge à regra. Nasceu latino. Na língua dos Césares, queria dizer não impresso, não publicado. Mas o danado cresceu e apareceu. Por extensão, passou a ter a acepção de original, sem precedentes, que nunca foi visto. É o caso do título da Espanha.
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