Paris amanheceu tranquila. A rotina imperava. Alunos foram à escola. Comerciantes, às lojas. Barnabés, à repartição. Trens, metrôs e ônibus rodavam pontuais. De repente, soou o alerta. A polícia se mobilizou. As redes sociais espalharam a notícia. Atentado terrorista matou 12 pessoas. Entre elas, os mestres dos cartunistas de Europa, França e Bahia.
O alvo dos terroristas: os profissionais do semanário satírico Charlie Hebdo. A publicação goza de Deus e do mundo. Não poupa poderosos da política, da economia, da religião. Nem o Senhor escapa. Resultado da irreverência: ameaças sem fim. Mas a publicação mantém firme e forte a linha editorial. “Prefiro morrer de pé a viver de joelhos”, disse certa vez o editor-chefe. Stéphane Charbonnie deu lição de coragem e de domínio da língua.
Traços e letras
Assim como dominava os mistérios dos traços, Sthéfane nadava de braçadas nas manhas da língua. A regência do verbo preferir serve de exemplo. Noventa entre 100 brasileiros tropeçam na preposição. Dizem “prefiro isto do que aquilo”. Valha-nos, Deus. Pisam feio na construção da frase.
A gente prefere uma coisa a outra (não do que outra). Prefere alguém a outro alguém (não do que outro).
Nota 10 para “Prefiro morrer de pé a viver de joelhos”. Os franceses preferiram ir às ruas a ficar em casa. Gregos, romanos e baianos preferem a liberdade de expressão à censura ou autocensura. Prefiro ler a escrever. Os brasileiros preferem futebol a natação.
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