Luiz Fernando Veríssimo declarou certa vez que jamais havia usado ponto e vírgula e que o par nunca lhe fizera falta. Está certo. A gente pode viver sem a duplinha. Outros sinais de pontuação quebram o galho. Mas usá-lo pega bem. Denota requinte, sofisticação e domínio do idioma. Ele desempenha papéis na frase. Em dois deles cai melhor que vírgulas, pontos ou travessões. Quais?
1. O ponto e vírgula separa termos de uma enumeração. Nesse caso, é arroz de festa de leis, decretos, portarias. Até Deus o usou:
São mandamentos do Senhor: a. Amar a Deus sobre todas as coisas; b. Não tomar seu santo nome em vão; c. Honrar pai e mãe; d. Não matar; e. Não roubar; f. Não desejar a mulher do próximo.
Reparou? A dupla fica no meio do caminho. No lugar dela poderia estar a vírgula. Ou o ponto. Por isso, muitos nem se preocupam em empregá-la. No aperto, partem pra outra. E se dão bem.
2. O ponto e vírgula torna o texto mais claro. Com isso, facilita a vida do leitor. Examine esta frase:
João trabalha no Senado, Pedro trabalha na Assembleia, Carlos trabalha no banco, Beatriz trabalha na universidade, Alberto trabalha no shopping.
A frase está correta e clara. As vírgulas separam as orações coordenadas. Mas a repetição do verbo torna o enunciado cansativo. O que fazer? Há uma saída. A gente mantém o trabalha na primeira oração. E mete-lhe a faca nas demais. No lugar dele, põe a vírgula:
João trabalha no Senado, Pedro, na Assembleia, Carlos, no banco, Beatriz, na universidade, Alberto, no shopping.
À primeira vista, o enunciado virou o samba do período doido. Quem bate o olho nele não entende nada. O jeito é recorrer ao ponto e vírgula. Ele separa as orações coordenadas:
João trabalha no Senado; Pedro, na Assembleia; Carlos, no banco; Beatriz, na universidade; Alberto, no shopping.
Chique, não? Veja mais dois exemplos:
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