“Varre, varre, vassourinha”, foi o jingle da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República. Varre o quê? “Varre a corrupção”, completava o mote do candidato da UDN nas eleições de 1960. O bigodudo ganhou. A bandalheira se manteve firme e forte. O tal Brasil moralizado ficou no desejo. Mas não morreu. Dilma Rousseff o reanimou. Com a queda de ministros como peças de dominó, uma palavra substituiu a vassourinha. É faxina. São os novos tempos. Para a operação limpeza, varrição é importante. Mas não suficiente.
Enquanto o processo avança, que tal uma espiadinha na origem do vocábulo da moda? Faxina nasceu na Itália. Na terra dos Césares, fascina não tinha nada a ver com limpeza. Dava nome a inocente feixe de lenha. Para o arado, à época puxado por bois ou cavalos, poder passar, faxineiros entravam em ação. Carregavam a lenha para bem longe. Lá, a carga tinha destinos diferentes. Um deles: virava fogueira. O outro: ficava por ali até apodrecer. Com a passagem de anos, décadas e séculos, o significado evoluiu. Nomeia o ato de se livrar da sujeira pesada — em casa, na rua, no poder. Mãozinha italiana
O léxico português tem mais de 400 mil palavras. Além do latim, a língua se enriqueceu com contribuições tupis, francesas, inglesas, alemães, árabes, etc. etc. etc. O italiano entrou com cerca de 300 convidados. Entre eles, ópera, piano, ribalta, sonata, partitura, violino, fachada, nicho, aquarela, carnaval, panetone, polenta, salame, pizza, mortadela, ricota. E, claro, o espresso, que todos tentam imitar mas só os filhos de Dante dão conta do recado. Ops! Ao dizer tchau, usamos a saudação italiana sim, senhor.
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