Brasília amanheceu amarela de olhinhos puxados. A comitiva do primeiro-ministro chinês tomou conta da cidade. Lotou hotéis, invadiu restaurantes, frequentou cabeleireiros, fez ginástica nos parques, sorriu e fotografou. Fotografou muito. Comidas, árvores, flores, roupas, adultos, crianças, vitrines — tudo e todos mereceram cliques.
A presença dos orientais da gema chamou a atenção da imprensa e da população. Ao falar neles, dois adjetivos pediram passagem. Foi aí que a cobra tossiu e se engasgou. Chinês não oferece problema. Ele se flexiona como a maioria dos mortais. Tem feminino, masculino, singular e plural. O calo aperta no sofisticado sino.
Sino pertence a estirpe nobre. Alatinada, a turma sangue azul é cheia de caprichos. Um deles: assume a forma reduzida — sino, euro, teuto, ibero. Outro: é invariável. Em qualquer gênero ou número, é sempre igual. Mais um: odeia a solidão. Aparece sempre, sempre mesmo, acompanhado de adjetivo flexionável (sino-japonês).
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