A polícia recebeu o ladrão a bala? Ou o recebeu à bala? Com crase ou sem crase? Ora a gente vê de um jeito. Ora, de outro. E daí? Abra, cadabra! Está correta: à balaa balaà bala e a bala
Acertou?
Escolheu a letra c? Viva! Eis o mistério. Nem sempre o acento grave resulta da fusão do a + a. Às vezes, a clareza fala mais alto. A falsa crase, então, pede passagem. Pra evitar confusão, usa-se à mesmo sem a contração da preposição com o artigo. É o caso de vender à vista.
Aí, não ocorre o encontro de dois aa. Quer ver? Vamos ao tira-teima. Substitua a palavra feminina por uma masculia. No troca-troca, dá a, não ao — sinal de ausência de artigo: vender a prazo.
Por que o à? Para escapar de mal-entendidos. Sem o acento, o desavisado poderia pensar que alguém quer vender a vista (o olho). O mesmo ocorre com bater à máquina. Sem o grampinho, parece que se deu pancada na máquina. Convenhamos. Não é bem isso.
Quando ocorre duplo sentido? Geralmente nas locuções que indicam meio ou instrumento: Recebeu-o à bala. Feriram-se à faca. Escreve à tinta. Feito à mão. Matou-o à bala. Fechou a porta à chave.
O acento é obrigatório? Ou só tem vez em caso de ambigüidade? Sem dupla interpretação, fica a gosto do freguês. Mas há forte preferência pela falsa crase. Com ela, não dá outra. É acertar. Ou acertar. Quem não quer?
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