O Wagner, atento leitor do blogue, não se conforma com o acento de jítsu. Ele não está sozinho. Muitos torcem o nariz diante do grampinho. Tratemos, pois, do delicado tema.
O assunto é velho como o paraíso de Adão e Eva. Mesmo assim, pega a gente pelo pé. Questões ardilosas roubam pontinhos valiosos em provas, vestibulares ou concursos. Não faltam casos de profissionais que perderam promoção por causa de um grampo ou de um chapéu. Até amores ardentes viraram cinzas diante de agudos ou circunflexos presentes ou ausentes. Com os acentos, pois, todo cuidado é pouco.
O que fazer? Penetrar no universo das enigmáticas criaturas é bom começo. O percurso tem trechos planos e tortuosos. Percorrê-lo exige marchas e pausas. Por isso, como diz o esquartejador, vamos por partes. Iniciemos por liçãozinha pra lá de repetida desde os tempos em q ue farmácia se escrevia com PH.
As palavras com mais de uma sílaba têm uma marca registrada. É a sílaba tônica. Ela se pronuncia mais forte que as outras. Nas oxítonas como jornal e amor, a tônica é a última. Nas paroxítonas, como casa e livro, a penúltima. Nas proparoxítonas, como fósforo e fizéssemos a antepenúltima.
Quando o português usava fraldas era pra lá de difícil acertar a sílaba tônica dos vocábulos Rubrica ou rúbrica? Nobel ou Nóbel? Que rolo! As palavras, então, se reuniram em conselho. Discute daqui, briga dali, reconcilia-se dacolá, firmaram este acordo:
Artigo 1º — As terminadas em A, E e O, seguidas ou não de S, são paroxítonas.
Artigo 2º — As terminadas em I e U, seguidas ou não de qualquer consoante, são oxítonas.
Artigo 3º — quem se opuser ao acordo será punido com acento gráfico.
As primeiras a espernear foram as proparoxítonas. Com razão. Com as cinco vogais ocupadas, não sobrou nenhuma para as coitadas. Se elas aderissem, desapareceriam da língua. Por isso, todas são acentuadas (rítmico, álibi, satélite). As oxítonas também fizeram cara feia. Elas foram brindadas com duas vogais. As paroxítonas, com três. Eis o motivo por que a maior parte das palavras em português é paroxítona: a menor, proparoxítona.
Wagner, deu pra entender por que jítsu tem acento? Sem o grampinho, a palavra vira oxítona como tabu e tatu.
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