“A coisa está feia”, disse Roberto Barreto de si para si. Ele lia notícia pra lá de alvissareira. Película brasileira vai disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro. O orgulho tomou ducha fria ao ver o nome da obra — Que horas ela volta? Depois do choque, o leitor formulou pergunta indignada: “Com erro linguístico escancarado no cartaz, a produção verde-amarela merece a estatueta?”
Rangel Cavalcante foi além. Em mensagem ao amigo Paulo José Cunha, escreveu: “Um erro de português pode prejudicar nossa imagem no exterior. O Brasil investe mais de R$ 1,5 milhão, e o filme que pode nos representar em Hollywood exibe título que desrespeita a língua. Como é que pode? Como se explica o descuido?”
A resposta
Tanta indignação se explica. A língua é o cartão de visita do país. Com o erro, ficamos mal na foto. Damos atestado de má escola. Ou, como diziam as vovós de antigamente, provamos que nosso primário foi malfeito.
Em tempos idos e vividos, o professor ensinava e o aluno aprendia. Ao deixar as salas de aula, a meninada sabia a lição na ponta da língua: a indicação de horas tem manhas. Uma delas — a exigência de certas companhias. No caso, a preposição a. O nome do filme encheria os cidadãos de orgulho se fosse este: A que horas ela volta?
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