Na Copa, não há coluna do meio. Sem poder empatar, o time ganha ou perde. A língua, menos rigorosa, privilegia certos verbos. Um deles: ganhar. Ganho ou ganhado? Antes, os auxiliares ter e haver exigiam o particípio regular (ganhado). Ser e estar, o irregular (ganho). Modernamente, a lei do menor esforço fala mais alto. Há preferência pela forma dissílaba em todas as construções. Assim: O Brasil tinha (havia) ganho. A partida foi ganha. A partida estava ganha.
Muitos torcem o nariz pra flexibilidade. Preferem a trissílaba. A língua, outra vez, se mostra generosa. Abre caminho pra preferência. E lhe dá nota 10: O Brasil tinha ganhado. O Brasil havia ganhado.
Mesmo time
Além de ganhar, gastar, pagar e pegar gozam do privilégio da dose dupla. Com ter e haver, aceitam o particípio regular (gastado, pagado, pegado) e o irregular (gasto, pago, pego). Com ser e estar, só a forma pequenina tem vez. Assim: Ele havia (tinha) gastado o dinheiro. Ele tinha (havia) gasto o dinheiro. O dinheiro foi gasto. O dinheiro está gasto. Ele tinha pago (pagado) a conta. A conta é (está) paga. O jogador tinha (havia) pegado a bola. Ele havia (tinha) pego a bola. A bola será (está) pega.
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