Futebol sem cerveja? Nem pensar! O script dos jogos está pronto. Primeiro passo: chamar os amigos. Segundo: comprar a lourinha. Terceiro: pipoquinha ao lado, cerveja na mão, torcer pelo time do coração.
As fábricas exploram a mania nacional. Investem pesado na publicidade. Aí, não dá outra. A Skol ocupa a telinha. Com ela, o slogan: ‘‘Skol, a cerveja que desce redondo’’. A frase intriga:
— Não deveria ser redonda?’, pergunta a moçada.
Depende. Trata-se da velha história da bivalência do adjetivo. Às vezes ele funciona como adjetivo. Aí, refere-se ao substantivo. E, subalterno, concorda com ele: Eles estão indo lentos demais. Skol, a cerveja que desce redonda. Maria subiu a escada rápida.
Reparou? Nas frases, subentende-se o verbo estar. O danado está escondidinho. Mas conta como gente grande: Eles estão indo e (estão) lentos demais. Skol, a cerveja que desce (e está) redonda. Maria subiu a escada (e estava) rápida.
Outras vezes, o adjetivo se disfarça de advérbio. Olha pro verbo. E, piscando o olho com malícia, modifica o novo companheiro. No caso, deixa o sufixo — mente pra lá. Fica neutro, no masculino singular:
Eles estão indo muito lentamente. Eles estão indo muito lento.
Skol, a cerveja que desce redondamente. Skol, a cerveja que desce redondo.
Maria subiu a escada rapidamente. Maria subiu a escada rápido.
— Deus é pai, vibraram os cervejeiros.
Satisfeitos, os amigos beberam sem culpa. Esperaram a geladinha descer, descer e descer. Frustraram-se. A lourinha não desceu. Subiu. A cabeça girou.
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