Crédito: Helio Montferre/Esp.CB/D.A Press
A tarifa de contingência deve começar a compor a fatura de água do consumidor do Distrito Federal nos próximos 10 dias, prazo que a Barragem do Descoberto deve chegar a 25% do volume útil, porcentagem prevista pelo decreto local que instituiu a taxa. Segundo cálculos da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb), 60% dos imóveis residenciais pagarão pelo acréscimo, pois consomem mais de 10 mil litros de água por mês. Uma vez instituída, a cobrança vale até a edição de outra resolução da Agência Reguladora de Águas (Adasa) cessando a tarifa.
O que significa que mesmo que o reservatório suba e saia dos 25%, a taxa continua valendo até a agência julgar necessário. “O término da cobrança ainda não está totalmente definido. Não dá para estipular um percentual porque uma chuva pode elevar o reservatório por um dia e, no seguinte, o volume continuar caindo”, explica Cássio Leandro Cossenzo, coordenador de estudos econômicos da Adasa. “Por isso, só deve acabar quando a Adasa julgar que não há escassez hídrica, a partir de novos estudos e parâmetros”, complementa.
Os 40% a mais no valor pago na conta de água valerá para todo o Distrito Federal, independentemente da unidade ser abastecida ou não pela Barragem do Descoberto, uma vez que o sistema é interligado. Atualmente o Descoberto é responsável por quase 70% da água que chega às torneiras das residências brasilienses. Ontem, a represa estava com 28,88% do volume e o ritmo de queda continua de 0,4% por dia. De acordo com o Instituto de Meteorologia (Inmet) não há previsão de chuva suficiente para encher o reservatório até o fim de outubro. As precipitações estão previstas para novembro.
Atualmente o DF consome 16 bilhões de litros mensais de água. A previsão da Adasa é que a tarifa de contingência gere uma economia mensal de 15%, ou seja, 2,4 bilhões de litros. Porcentagem de economia que não foi atingida pela população do DF desde o início da crise hídrica de 2016. “A gente espera que as pessoas economizem água, que os condomínios suspendam a lavagem de calçadas e outros desperdícios”, analisa Maurício Luduvice, presidente da Caesb.
Segundo Luduvice, o esforço deve se concentrar para evitar o racionamento, que será instituído quando o reservatório registrar 20% de volume. Ele explica que o plano de contingência está quase fechado. “Estamos trabalhando com a hipótese do Descoberto chegar a 20% e o nosso plano está em fase final”, adianta. Entretanto Ludovice vê a possibilidade como um grande problema. “O racionamento é complexo e não é barato. Vamos ter que fechar redes para abastecer uma região um dia e no outro não. O sistema não foi projetado para isso. Fora que temos que manter água para espaços públicos como delegacias e escolas, ou seja, todo um aparato de caminhões-pipa”, alerta.
Apesar dos índices registrados, o governo se mantém otimista. Segundo o secretário de Meio Ambiente, André Lima, o volume dos reservatórios têm baixado mas a uma velocidade constante. “Percebemos uma curva menor. Se a chuva em alguns pontos mantiver e começar a chover realmente pode ser que nem chegue nos 25%”, afirma.
A aposentada Silvia Mourão, 66 anos, é a favor do aumento. Ela divide uma casa no Cruzeiro com o marido, e pagou apenas R$ 68 na última conta de água. “Eu poupo muito, até os jardins da minha casa são aguados com água reaproveitada. O aumento por gasto é justo. Tem gente na minha rua que passa horas com a mangueira ligada pra regar jardim ou lavar o carro. Agora pesando no bolso, quem sabe a população se conscientize”, argumenta.
O acréscimo de valor na conta de água devido à escassez é previsto na lei federal do Saneamento Básico. Estados como São Paulo e Ceará já fizeram uso do dispositivo. O objetivo é forçar a redução do consumo. No DF, o volume do uso de água cresce a cada ano, assim como o consumo per capita.
Tira-dúvidas:
Quem vai pagar a tarifa de contingência?
Consumidores residenciais e comerciais que gastarem mais de 10 mil litros por mês.
Quando a tarifa vai ser cobrada?
A partir do momento que o reservatório do Descoberto chegar ao nível de 25% do volume.
Qual será o valor?
Contas acima de 10 mil litros terão acréscimo de 40% no valor cobrado pela água. Como a fatura é composta por água e esgoto, o impacto no preço final será de 20%.
Como vai vir na fatura?
O modelo será similar à cobrança das bandeiras tarifárias na energia elétrica. Ou seja, o consumidor vai saber quanto está pagando por consumir mais água. Porém, o valor será somado e pago no mesmo código de barras.
Quem tem isenção?
Consumidores que gastam menos de 10 mil litros de água por mês, hospitais, hemocentros, centros de diálise, pronto-socorro, asilos e presídios.
E os consumidores comerciais?
A tarifa comercial já é mais alta do que a residencial. Dessa forma, esse grupo pagará 20% a mais sobre o valor da água se consumir mais de 10 mil litros. Como a fatura é dividida com saneamento, o impacto na quantia final será de 10%.
Como a tarifa vai funcionar no caso dos condomínios sem hidrômetro?
Para composição da tarifa, a Caesb divide o consumo pela quantidade de unidades. Se o consumo por unidade for superior a 10 mil litros, o condomínio paga a tarifa.
A autarquia, antes direcionada a parceiros políticos de menor expressão, tornou-se estratégica na conquista de…
O leitor Jadyr Soares Pimentel, 75 anos, morador do Guará II, entrou em contato com…
A Federação do Comércio, Bens e Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio) divulgou nesta…
O leitor Luis Adriano Salimon, 23 anos, morador da Asa Sul, entrou em contato com…
Mais de 30 planos de saúde estão com venda suspensa, em decorrência do grande número…
Secretaria de Fazenda vai colocar no ar um sistema que permite ao contribuinte saber a…