Em contrapartida do resultado brasileiro, economia do Distrito Federal fecha 2017 em retração

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Agropecuária cresceu 15,7%, mas a pequena participação na economia não foi suficiente para subir índice. Foto: Ana Rayssa/Esp.CB/DA Press
Agropecuária cresceu 15,7% no DF, mas a pequena participação na economia não foi suficiente para subir índice. Foto: Ana Rayssa/Esp.CB/DA Press

A economia do Distrito Federal encerrou 2017 em situação mais crítica do que em 2016. A queda foi de 0,3%, segundo o dados do Índice de Desempenho Econômico do DF, feitos pela Companhia de Planejamento (Codeplan) e divulgados nesta quarta-feira (14/3). O desempenho local nadou contra a corrente do resultado brasileiro, que teve um pequeno crescimento de 1% no Produto Interno Bruto (PIB), após dois anos consecutivos de retração.

De acordo com o estudo da Codeplan, a atividade econômica do DF voltou a crescer no último trimestre, porém não foi suficiente para elevar o índice anual e deixá-lo positivo. Por isso, o estudo diz que encerrou o ano em queda econômica, “mas com sinais de recuperação”.

Na análise da Codeplan, o desempenho inferior da economia brasiliense frente à nacional deve-se, principalmente, ao perfil produtivo local. A estrutura é muito dependente do setor de serviços (94,3% da produção vem deste segmento), por isso, a queda de 0,2% impactou diretamente no resultado final. A queda nas vendas do comércio e de serviços de informação contribuíram para a queda.

Embora o DF tenha registrado expansão de 15,7% para a agropecuária – mais alta que a média brasileira (13%), o acréscimo não foi suficiente para elevar o Idecon porque a participação do setor é de apenas 0,3% na estrutura produtiva da unidade da federação. A Indústria teve queda de 2,8% e contribui com 5,4% da estrutura produtiva local.

Brasilienses reduziram em 21,69% o consumo de água; mas é preciso mais, dizem especialistas

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Racionamento, redução de pressão e economia dos moradores foram importantes na redução

A crise hídrica do Distrito Federal entra em mais um capítulo decisivo na tentativa de contenção de consumo. Com a inclusão das regiões abastecidas pelo sistema Santa Maria/Torto no racionamento diário, já são 2,4 milhões de pessoas convivendo com a falta de água nas torneiras. Dessa forma, o rodízio atinge mais de 80% da população. Fora as outras medidas implantadas, como a tarifa extra para gastos acima de 10 mil litros mensais e a redução de pressão nos canos. Sem a recuperação dos níveis dos reservatórios como o esperado, as perspectivas são pouco animadoras. Especialistas, a Agência Reguladora de Águas (Adasa) e a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb) são unânimes em afirmar que é preciso poupar o que ainda tem de água para o período da seca, que se inicia, em, no máximo, três meses.

Com seis meses de estado de escassez hídrica, o Distrito Federal conseguiu reduzir o consumo de água em 21,69%, o que corresponde ao gasto diário de 724 mil pessoas, segundo dados da Caesb. Embora os números indiquem que as medidas de contenção tenham dado resultado, ainda são insuficientes e chegaram tarde, uma vez que os reservatórios não conseguem se recuperar na velocidade necessária para passar pelo próximo período de estiagem. Para que a Caesb consiga cumprir as metas das últimas resoluções da Adasa, é preciso economizar pelo menos uma vez mais o que já foi reduzido. Isso contando apenas a área urbana, sem levar em conta as reduções feitas na parte agrícola do DF.

Para os especialistas, as medidas de contenção deveriam ter sido implementadas antes para evitar o colapso hídrico que se aproxima e o sacrifício cada vez maior no dia a dia da população. Entretanto, as políticas acabaram esbarrando na inexperiência com a situação e na esperança de que as chuvas viriam com o mesmo comportamento dos anos anteriores. O que não ocorreu. Em nome da segurança hídrica, a Caesb e a Adasa não descartam a hipótese de estender o racionamento para dois dias por semana em cada uma das 26 regiões já afetadas pelo rodízio.

“A tendência é apertar cada vez mais, inclusive com dois dias de racionamento”, acredita Marta Eliana, promotora de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema) do Ministério Público do DF (MPDFT). “Estou muito preocupada. Fui a uma reunião em que a Defesa Civil trabalha com simulações de um desastre hídrico, com Brasília sendo atendida por caminhões-pipa. Por isso, agora é economizar o máximo. Cada gota conta”, complementa. Para ela, embora as chuvas tenham diminuído, a principal causa do problema atual é a falta de gestão e de investimentos em sequentes administrações distritais.

Crítico da velocidade das ações do governo local para conter a crise hídrica, Henrique Leite Chaves, professor de manejo de bacias hidrográficas da Universidade de Brasília, acredita que agora é momento de pensar adiante e esquecer os erros estratégicos do passado. “Estamos caminhando na direção certa. Defendíamos o rodízio no sistema Santa Maria/Torto e ele foi implementado. Pedíamos o plano de abastecimento emergencial no Lago Paranoá e o foi feito. Vamos olhar pra frente porque a situação é grave e requer atenção”. Embora o Ministério da Integração Nacional não tenha sinalizado a liberação da verba de R$ 50 milhões, a Caesb pediu a licença ambiental para a obra de captação emergencial no Lago Paranoá.

O diretor-presidente da Adasa, Paulo Salles, acredita que a economia realizada é fruto das ações implementadas. Para ele, é a primeira vez que o DF passa por essa situação, o que justifica o cuidado nas ações. Assim como a Adasa e a Caesb esperavam que o comportamento das chuvas fosse melhor do que vem ocorrendo. “É claro que nós não estamos satisfeitos com a situação. Mas achamos que as medidas são acertadas. A Adasa não pode só olhar para o reservatório, encher na marra. Se fosse assim, a gente trancava tudo: cinco dias de racionamento, agricultura sem água. Temos que pensar no todo”.

Crédito: Antônio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF.
Crédito: Antônio Cunha/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF.

A economia de água tem chegado aos lares brasilienses. O consumo médio está em 153 litros por dia por habitante. Embora continue um dos mais altos do país, caiu. Em 2015, era de 190 litros. São estratégias como a do motorista Marcelo Augusto da Silva Gibson, 43 anos. Na casa dele no Jardim Botânico os banhos são cronometrados, as lavagens de roupa uma vez por semana e há uso de piscina inflável para recolher água das chuvas e lavar a varanda. O motorista vive com outros oito integrantes da família e conta que desde o início da crise hídrica não pagou taxa extra. “Estamos fazendo o possível para economizar. Minhas duas filhas [de 9 e 11 anos] estão tomando banho juntas. No início, elas não gostavam, mas agora já entendem”.

Carnaval sem água

As medidas tomadas para conter o consumo no Rio Descoberto começam a surtir efeitos. Em seis meses, o consumo reduziu 25% – o suficiente para abastecer 500 mil pessoas diariamente. Entretanto, o nível continua preocupante, atualmente, ele está em 38% enquanto na mesma época do ano passado, registrava 85%. O Santa Maria/Torto economizou o suficiente para abastecer mais de 200 mil pessoas, mas a recuperação desse sistema está mais lenta. Assim, embora o reservatório tenha mantido índices maiores de volume durante a crise, ele está com dificuldades de recuperação. Por isso, se tornou o foco das ações e, com o racionamento, espera-se diminuição de mais 12% no consumo.

Hoje, Lago Norte, Varjão e condomínios do Jardim Botânico serão os primeiros abastecidos pelo Santa Maria/Torto a sofrerem com o corte. Amanhã será a vez da Asa Norte e Noroeste. Na Asa Norte, os foliões são a principal preocupação. Pelo menos cinco blocos estão agendados no mesmo dia do racionamento: Pacotão, Calango Careca, Bloco Espírita Celta e Ventoinha na Tesourinha.
Quem não tem caixa d’água está preocupado com os prejuízos. A cabeleireira Bianca Cruz, 38, vai fechar o salão no Varjão. O estabelecimento recebe água direto da rua. Para ela, não tem como estocar água, pois não sabe a quantidade necessária para um dia de trabalho. “O número de atendimento varia muito dependendo do dia. Não tem como atender sem água, como vai lavar o cabelo das clientes, fazer unha, limpar as coisas?”, questiona.

 Crédito: Arthur Menescal/Esp.CB/D.A
Crédito: Arthur Menescal/Esp.CB/D.A

 

Colaboraram Priscilla Miranda, estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte e Gabriella Bertoni, especial para o Correio

Sete dicas para economizar água e evitar desperdícios em casa

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Sem desperdício, o racionamento pode durar menos tempo

Helio Montferre/Esp.CB/DA Press
Helio Montferre/Esp.CB/DA Press

Diante do racionamento anunciado na tarde de ontem pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), a população precisa se esforçar para economizar água e evitar que a medida se estenda por mais tempo. Por isso, o Correio selecionou algumas orientações da Agência Reguladora de Águas (Adasa) para evitar o desperdício e manter o melhor manejo do recurso.

 

>> Torneira:

Ao fechar a torneira, certifique-se que ela não está vazando água. Uma torneira gotejando desperdiça cerca de 46 litros de água por dia. Se a água fluir em forma de filete, o desperdício pode variar de 750 litros a 2 mil litros por dia.

 

>> Lavagem de roupa:

Use o máximo da capacidade da máquina. Acumule as peças sujas para usar o equipamento com a menor frequência possível. No final do processo, toda a água usada na lavagem e no enxágue das roupas pode servir para a limpeza do chão, de varandas, do quintal ou das calçadas. E o reaproveitamento só requer que se desvie a mangueira do cano de descarga do esgoto para um recipiente, um balde ou galão.

!! Alerta: é importante que essa água vá para o ralo, isto é, para a rede de esgoto, e que não termine na rede de águas pluviais. Essa água necessita de tratamento antes de chegar aos córregos e rios. O descarte na rua, nas bocas de lobo, causa poluição ambiental.

 

>> No chuveiro:

Quanto mais rápido o banho, maior a economia. O segredo é dividir a tarefa em etapas: molhe o corpo e feche o registro; se ensaboe, lave o cabelo, se enxágue e fim, feche o registro. Uma ducha funcionando durante 15 minutos significa pelo menos 135 litros pelo ralo. Um banho, com o uso racional d’água, diminuiu o gasto total em 90 litros.

 

>> Ao lavar louça:

Use um pano, uma esponja ou um papel toalha para tirar os restos de comida dos utensílios de cozinha e jogue os resíduos no lixo. Depois, encha a pia, coloque algumas gotas de detergente e deixe pratos, talheres, panelas e tudo mais de molho por alguns minutos, antes de começar a lavagem, ainda sem abrir a torneira. Depois, ainda com a torneira fechada, ensaboe peça por peça e só então use a água corrente, na hora de enxaguar. Uma torneira aberta continuamente gasta, em média, 240 litros de água. Abrindo e fechando, o gasto diminui para 70 litros de água.

 

>> Ao dar descarga:

Os vaso sanitários com caixa de descarga acoplada funcionam com menor demanda de água do que as de válvulas na parede. Recorrer à água de reuso para evitar o acionamento do mecanismo fará diferença significativa no fim do mês. A correta destinação dos dejetos demanda pelo menos 6 litros de água. A cada descarga o gasto pode chegar a 12 litros – mecanismos mais antigos demandam até 25 litros. Quando a válvula está defeituosa, 30 litros ou mais de água viram esgoto.

 

>> Ao regar as plantas:

Use o regador no lugar da mangueira. Essa é a forma mais econômica e racional de molhar as plantas. A cada 15 minutos de uso da mangueira, o desperdício pode somar 280 litros. Para aumentar o aproveitamento da água pelas plantas, evite os horários mais quentes do dia e espere pela noite, período de menor evaporação.

 

>> Piscinas:

Priorize limpeza em vez de substituição de água. Sempre que a piscina não estiver em uso, faça a cobertura com uma lona para diminuir a perda com a evaporação. Se for necessário o esvaziamento da piscina, a água pode servir para a lavagem de pisos e também para a irrigação de jardins.

 

*Fonte: Adasa

Barragem chega ao nível mais baixo já registrado e DF está a um passo do racionamento

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Caesb ainda não tem prazo para execução do plano, mas diz que está pronto

A Barragem do Descoberto começa o ano com menos da metade da água registrada no mesmo período do ano passado. A marcação mais recente indica 19,3% da capacidade, o menor índice já registrado – a mesma marca só ocorreu no último dia 19 de novembro. Em 2016, em janeiro, o reservatório acumulava 45,77% de água. Desde o último dia 27 de dezembro, o volume vem caindo e já está abaixo dos 20% – índice de restrição que permite o racionamento. Neste cenário de escassez, a chuva não está ajudando: em 10 dias choveu apenas 8% do esperado para todo o mês de janeiro. Enquanto a situação se agrava, a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) já gastou mais de R$ 28 milhões em investimentos que foram acelerados para conter a mais dramática falta de água que o DF já viveu. Mesmo com os custos a mais, a empresa ainda é evasiva sobre quando deve colocar em prática o plano de racionamento que está pronto.

Segundo Maurício Luduvice, presidente da companhia, o plano está feito e a população será comunicada três dias antes do início da execução. Entretanto, ainda não há uma data específica para começar o processo. O presidente diz que a empresa não está resistente nem omissa em relação à crise hídrica. “Estamos seguros em relação ao momento de colocar em prática o plano de racionamento. É uma decisão técnica, que está levando em conta aspectos operacionais”, explica.

A direção da Caesb alega que a operação de racionamento é cara e, se não for bem feita, pode comprometer todo o sistema. Além disso, demanda grande volume de mão de obra. “O fechamento e a abertura de um sistema que abastece uma região exige todo um cuidado operacional. A tubulação fica vazia e, se a volta da pressão da carga (água) não for bem feita, pode comprometer toda a rede de distribuição”, explica Luduvice. O plano de racionamento prevê rodízio de abastecimento água entre as regiões e o uso de caminhões-pipa para manter prédios públicos, como escolas e delegacias.

Na opinião de Jorge Werneck, presidente do Comitê da Bacia do Paranoá e pesquisador da Embrapa Cerrados, o plano de racionamento não é uma decisão fácil. Para ele, são “várias coisas envolvidas”. Entretanto, ele é enfático em pedir uma solução urgente para o problema. “Considerando a situação, alternativas como racionamento e a tarifa se mostram necessárias. O risco de chegarmos em agosto e setembro sem água é uma realidade e um cenário que temos que evitar”.

Enquanto o plano de racionamento não vem, a Caesb aposta na redução do consumo. Segundo dados da empresa, a retirada de água do Descoberto pela empresa caiu 13,7% desde o início das ações de economia, como tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros por mês e diminuição da pressão de água em 15 regiões administrativas. A empresa também tem feito obras para diminuir as perdas e desperdícios do sistema e aumentar os pontos de captação de água, de modo a depender menos do Descoberto – que atualmente abastece 65% da população da capital federal. O córrego do Crispim, no Gama, e um novo poço artesiano em São Sebastião são exemplos. A captação no Bananal deve ficar pronta apenas no fim do ano. E a obra de Corumbá IV vai atrasar novamente. Embora a obra esteja em execução, o prazo de entrega foi dilatado, assim como os gastos. Em fevereiro de 2015, o prazo de entrega da estrutura seria 2017. Entretanto, de lá para cá, os recursos aumentaram em R$ 13 milhões e a inauguração da obra foi jogada para julho de 2018.

Conscientização

Enquanto a chuva é insuficiente e os níveis de água caem de maneira alarmante, a a contribuição da população é essencial. Zelador de um prédio no Sudoeste Econômico há 11 anos, Lindomar Rocha dos Santos, 43, lavava o piso do prédio de duas a três vezes por semana. Agora, com a falta de água, só usa a água uma vez. E a redução não foi só na limpeza. “Aqui no condomínio, lavávamos carros, o que não fazemos mais. Eu tenho uma mangueira toda furada que utilizava para regar as plantas, agora, por causa do racionamento, não uso. Se a gente brincar um pouquinho, ficaremos sem água”, conta.

Crédito: Helio Montferre/Esp.CB/D.A. Press.
Crédito: Helio Montferre/Esp.CB/D.A. Press.

Orlando Silva, 40 anos, é lavador de carro há mais de cinco anos e conta que possui um tanque de mil litros e consegue trabalhar com ele durante uma semana. Antes, o lava a jato usava o dobro. “Economizo pegando menos água. Às vezes chega uns carros muito sujos e para facilitar, usamos produtos para amolecer a sujeira”, explica.

Pouca chuva

O esperado de chuva para o mês de janeiro, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia é de 247 mm. No entanto, até o dia 10 só choveu 20 mm. “Até o dia 15, esperamos pelo menos 30 mm. Apesar disso, a primeira quinzena do mês não alcançará nem metade da média informada. Em relação a 2015 e 2016, as chuvas estão bem menos intensas”, explica o meteorologista Luiz Cavalcanti.

Leia especial sobre crise hídrica

Colaborou: Carolina Cardoso, estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte