GDF eleva IPTU de 112 mil imóveis

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Moradores vão receber carnês de pagamento adicional do IPTU a partir desta sexta

24/08/2017. Crédito: Breno Fortes/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF. Foto aérea de construções em Vicente Pires.
24/08/2017. Crédito: Breno Fortes/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF. Foto aérea de construções em Vicente Pires.

Cerca de 61,7 mil imóveis do Distrito Federal vão receber nos próximos dias o carnê com a cobrança adicional do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). O aditivo refere-se à diferença encontrada pela Secretaria de Fazenda da área construída registrada e da mapeada via georreferenciamento. Dessa forma, construções feitas nos terrenos e não informadas à pasta, como churrasqueiras, piscinas e novos andares e até casas inteiras, terão que integrar o tributo. O edital comunicando a cobrança foi publicado hoje no Diário Oficial do DF – outros 11 mil haviam sido notificados anteriormente, totalizando mais de 75 mil terrenos.

A lista detalhada também estará disponível em um link no DODF. No próximo mês, outros 40 mil serão notificados pelo Executivo local. Além disso, mais imóveis estão na mira do GDF até 2018.
Cidades como Riacho Fundo, Vicente Pires, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) estão entre as que mais os moradores receberão o aditivo. Condomínios irregulares em todo o DF também estão na lista. A expectativa do governo é incrementar a receita em R$ 13,5 milhões. Segundo dados da Secretaria de Fazenda do Distrito Federal, o valor médio de acréscimo é de R$ 219,19. O pagamento dos aditivos vai incrementar em 40,48% o valor do IPTU pago nessas regiões. No Riacho Fundo II é onde o percentual de acréscimo é maior, cerca de 109,77%.

A correção da distorção da área construída real e a base de dados do GDF foi uma solução encontrada pela Fazenda para conseguir aumentar o ganho com o tributo. Desde o início da administração de Rodrigo Rollemberg há uma tentativa de aumentar a arrecadação via IPTU, seja com a atualização da pauta do valor venal dos imóveis, seja via alíquota. O Executivo chegou a anunciar que mandaria o projeto de aumento para a Câmara Legislativa, entretanto, após pressões da sociedade e de parlamentares, mudou de ideia. Desde então, só vem conseguindo fazer a correção inflacionária.

Com o deficit de R$ 170 milhões mensais nas contas do Distrito Federal, tornou-se imperativo para o Executivo local o incremento de receita. Para a Secretaria de Fazenda do DF, o pagamento adicional de IPTU não é um aumento de imposto, mas sim, uma correção.

“O objetivo não é aumentar IPTU, mas sim, corrigir as distorções, cadastrar e regularizar. Tem locais cadastrados como terreno vazio e encontramos um prédio nele”, explica Márcia Robalinho, subsecretária de Receita da Secretaria de Fazenda.

Para chegar aos valores dos carnês, a Secretaria usou dados de um georreferenciamento contratado pela Terracap e checou com a base de dados disponível nos arquivos da pasta. Cem por cento do DF já foi mapeado, entretanto, a Secretaria de Fazenda ainda trabalha na checagem. “A Secretaria não consegue fazer uma vistoria de casa em casa. Por isso, a ajuda do georreferenciamento foi importante”, ressalta Robalinho. Ela explica que a situação fundiária do DF dificulta a cobrança e o georreferenciamento ajuda nessa questão.

A empresa contratada pela Terracap foi a Topocart e cobrou uma quantia de R$ 24 milhões – superior ao que se espera de arrecadação em um primeiro momento. A Fazenda justificou o valor do contrato dizendo que abrange mais produtos, não só os utilizados para o sistema do IPTU. “As imagens coletadas promovem uma fiscalização mais eficaz e ajudam na elaboração de projetos urbanísticos para fins de regularização fundiária”. O Tribunal de Contas do DF (TCDF) chegou a questionar o contrato alegando favorecimento da Topocart.

Disputa judicial

A Ordem dos Advogados do Brasil seccional DF comunicou que vai continuar a batalha jurídica contra a cobrança a mais de IPTU no DF. Por isso, a entidade vai recorrer da decisão do juiz Paulo Afonso Caviochioli Carmona, da 7ª Vara de Fazenda Pública do DF, a favor da atualização do imposto. Para Manoel Arruda Junior, procurador tributário da OAB-DF, a cobrança fere princípios constitucionais. “Há violação do princípio da anterioridade. Quando altera a base de cálculo do IPTU só pode cobrar no exercício seguinte. A Fazenda comunicou em maio deste ano e já está cobrando”, argumenta. “O contribuinte não pode ser surpreendido. Se ele tinha previsão orçamentária para a despesa com tributo, ela não pode ser aumentada”, defende.

Na opinião de Márcia Robalinho, quando o IPTU de 2017 foi anunciado, havia previsão de editais complementares. Por isso, há legalidade na cobrança. Ela explica ainda que os contribuintes podem contestar pela internet e pedir uma vistoria no local. “O que acontece é que as pessoas aumentam a área construída e não comunicam. Por isso, foi preciso fazer essa vistoria”, explica. Além disso, outras cidades como Goiânia (GO) e do interior de São Paulo já usaram o georreferenciamento para atualizar o imposto. Antes dessas 60 mil notificações, o GDF já havia enviado 11 mil notificações para regiões como o Lago Norte.

Segundo informações da Secretaria de Fazenda, os contribuintes receberão o carnê em casa. O documento de arrecadação também pode ser emitido na página da Secretaria de Fazenda a partir de segunda-feira (28/08). O prazo para reclamação do lançamento será até 26 de setembro.

Endividados: entendam o que a empresa pode ou não fazer na hora da cobrança

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Por Thiago Soares
O momento econômico em que vive o país, com inflação e índice de desemprego elevados, é responsável pelo crescimento do número de inadimplentes e também das preocupações dos consumidores com as dívidas. As empresas, em muitas das ocasiões, na tentativa de negociar, acabam excedendo nos modos de fazer a cobrança. Ela tem o direito cobrar o cliente quando o contrato não é cumprido, porém, não deve haver abusos por parte dos empresários. Horários de ligações, por exemplo, devem ser respeitados.
No Distrito Federal, o número de famílias endividadas, consideradas aquelas que mantém qualquer dívida, passou de 734.335 em janeiro para 747.588 em fevereiro (aumento de 13,25 mil) e atingiu o índice de 81,4%, maior do que o registrado em janeiro deste ano (80,1%). Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), desenvolvida pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). Entre os pesquisados, 48,8% chegaram à situação de inadimplência, ou seja, sem condições de quitar as dívidas totalmente, e 47% afirmaram ter condições de quitar o montante parcialmente. No Centro-Oeste, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), indica que o índice de pessoas com contas atrasadas passou de 4,66% (janeiro/2015) para 6,69% (janeiro 2016).
Uma das principais causas da inadimplência é o uso do cartão de crédito. Foi isso que levou o cabeleiro José Oliveira de Deus, 48 anos, a se endividar. Do meio do ano passado para cá, as contas se tornaram uma preocupação diária. Para abrir o negócio no Cruzeiro, ele recorreu ao cartão para financiar equipamentos do salão, mas acabou se enrolando com as taxas e pagamentos. “As contas foram acumulando e a situação complicou. Tentei quitar um dos cartões. Estou reduzindo alguns gastos, como água, luz, para tentar liquidar a dívida”, ressalta. Ao mesmo tempo que existem dívidas, José ainda é obrigado a enfrentar as constantes ligações das empresas. “Fazem contato todos os dias, independente do horário ou dia. Principalmente no período noturno”, lembra.
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília - DF.
Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A. Press. Brasil. Brasília – DF.

 

Desempregado há 10 meses, Rodolfo Rosa, 32 anos, teve o nome negativado. O motivo também foi cartão de crédito. Ele relata situações incômodas com as empresas de cobrança. “Ligam todo o dia, mesmo eu sinalizando que já estou ciente da situação. Não há limites. Telefonam à noite, e também aos fins de semana”, reclama. O serviço de televisão paga, um dos causadores da dívida, foi cancelado depois da negociação, porém, antes, o auxiliar administrativo havia relatado problemas com a empresa. “Passaram a ligar antes mesmo de o acordo vencer para cobrar o pagamento”, disse.

Limite

A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que a empresa pode cobrar pela dívida, mas tem que respeitar os horários estabelecidos para ligações. “Não pode ligar depois das 20h, ou nos fins de semana. Elas são autorizadas a fazer contato no horário comercial. A cobrança pode ser feita, uma vez que o contrato foi desrespeitado”. A especialista também ressalta que as formas de cobranças não podem ser vexatórias ao consumidor — como, por exemplo, ligar para o serviço dele e informar um colega sobre a dívida. “O tom de ameaça também não pode ser usado. Isso é caracterizado abuso”, detalha.

O consumidor que se sentir incomodado com as constantes ligações pode sinalizar a empresa. “Não há um limite estipulado para ligações, mas é claro que o consumidor que se sentir constrangido pode alertar que não desejar receber os contatos. Isso informando que está ciente da situação. E se persistirem, o cliente pode acionar os órgãos de defesa”, explica. Os empresários podem negativar os clientes a partir do primeiro dia de atraso, embora isso não seja comum, segundo a especialista: “Eles preferem manter um relacionamento e tentar negociar”. O SPC envia uma carta informando sobre a possibilidade de inclusão na lista de inadimplentes do órgão. A partir do recebimento do documento é dado dez dias para o cliente solucionar a situação.

Gastos

O presidente da Fecomércio, Adelmir Santana, aponta o cartão de crédito como principal causa de inadimplência no DF. “Usá-lo como um instrumento de crédito pode se tornar um risco. Muitas das pessoas que se veem em dívidas, é pelo fato de terem usado o cartão de crédito sem ao menos calcular o orçamento”, pondera, acrescentando que os consumidores devem gastar dentro do orçamento. “Os índices de juros estão altos, a inflação se mostra resistente e o risco de desemprego também assusta a população. Nesse momento, o melhor a fazer é calcular bem o orçamento para não extrapolá-lo”, completou.

Na hora do aperto
>>O que é permitido?
— A empresa tem direito de cobrar o cliente, uma vez que o contrato não foi cumprido;
— O estabelecimento porém, não pode expor o consumidor a uma situação vexatória, como, ligar no serviço e informar o colega de trabalho do devedor sobre o débito;
— A cobrança não pode ser em tom de ameaças, isso é caracterizado como abuso;
— As ligações são permitidas em horário comercial. Após as 20h, e aos fins de semana é considerado ilegal;
— O consumidor que sentir incomodado pode sinalizar que não quer receber mais contatos, informando que está ciente da situação devedora;
— Depois de sinalizada a vontade, se a empresa continuar ligando, o cliente pode acionar algum órgão de defesa do consumidor;
— A empresa pode enviar o nome do cliente para negativação já após um dia de atraso. Ela não precisa avisar sobre o procedimento;
— O SPC envia uma carta informando sobre a possibilidade de inclusão na lista de inadimplentes do órgão. A partir do recebimento do documento é dado dez dias para o cliente solucionar a situação;
— As empresas estão livres para negociar o débito. É o que ocorre na maioria das situações. Porém, elas não são obrigadas a fazer o procedimento.
>>Como se livrar das dívidas?
— Anote tudo que gasta. Isso é importante para analisar o orçamento, se está ultrapassando ou não;
— Compare as taxas entre os bancos. Ela é fundamental para entender o crédito para aquele momento
— Análise o orçamento. Corte primeiro os gastos supérfluos, como telefonia, dentre outros;
— Tente negociar. Antes disso, verifique a situação financeira e também o tempo necessário para quitar a dívida;
— Seja imediato. Se já tiver o dinheiro, pague de imediato, não deixando os débitos se acumularem;
— Drible a situação. Não tendo o dinheiro, o consumidor pode também vender algum bem e quitar o débito
— Faça análises. Depois de quitada a dívida, avalie a situação que levou para aquele endividamento.