Os brasileiros foram submetidos a um número recorde de produtos com defeitos de fábrica no ano passado. Dados do Ministério da Justiça apontam que as empresas foram obrigadas a anunciar 109 recalls, quantidade 62% maior que a registrada em 2012, quando houve 67 casos. Trata-se do pior resultado desde 2003, quando o governo passou a fazer esse tipo de levantamento, e o retrato do descaso em relação aos compradores, que pagam caro por mercadorias de péssima qualidade. Dos total de recalls em 2013, o setor automotivo respondeu por 56% dos casos, seguido pelo de motociclos (motos e bicicletas), com 13,8%, pela área da saúde (6,4%) e pelo ramo de móveis (5,5%).
Na opinião da secretária Nacional do Consumidor (Senacon), Juliana Pereira da Silva, qualquer que seja o parâmetro de avaliação, os resultados são péssimos. O pior, segundo ela, é o atendimento. Mesmo as companhias anunciando os defeitos e a necessidade de correção dos produtos, muitas não dão o retorno esperado. “Sem dúvidas, a melhora do atendimento no caso de recalls é um desafio”, afirmou. “A cada 10 comunicados, nove vão para o Judiciário e se arrastam por mais de uma década até que o pedido seja atendido”, observou.
No acumulado de 10 anos, também o setor automotivo lidera em número de produtos com defeito, conforme o “Boletim de Saúde e Segurança do Consumidor” divulgado ontem pela Senacon. Das 627 campanhas de recalls realizadas no período, 61,6% envolviam carros que podiam causar danos aos clientes. Por isso, no entender de Juliana, as convocações para as montadoras sempre ganham mais destaque. “Quando o valor agregado é baixo e a descarte da mercadoria é simples, o problema nos produtos não chamará tanta a atenção como o computado no setor automotivo”, explicou.
Manobras
No entender da secretária, é importante se preocupar com itens que não estão tendo recall. “A legislação brasileira é bem parecida com as internacionais, mas precisamos intensificar a punição. Assim, as empresas terão de prestar contas com mais frequência aos consumidores”, afirmou. Em 2013, segundo a Senacon, foram realizados 309 recalls nos Estados Unidos, sem contar o setor automotivo. “Quando fica provada a morte por causa de defeito de um produto, a vida para o Judiciário brasileiro custa R$ 50 mil. Por que nos EUA esse valor pode chegar a 10 milhões?”, questionou.
Segundo o chefe de Regulamentação e Fiscalização do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Alfredo Lobo, há empresas que trocam componentes de mercadorias, mesmo depois da certificação pelo órgão. Identificadas essas manobras, elas são obrigadas a corrigir as irregularidade. “Por isso, o aumento no número de recalls”, frisou.
Texto de Guilherme Araújo
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