O setor varejista do Distrito Federal está tentando sair do vermelho. Os resultados do primeiro semestre foram fracos até em datas importantes para o comércio, como o dia das Mães e o dos Namorados. Nem mesmo a Copa das Confederações animou as vendas — menos da metade (41,7%) dos empresários afirmou ter percebido aumento nos lucros, segundo levantamento da Federação do Comércio do DF. Nesse clima de incerteza, os comerciantes eliminaram 6 mil postos de trabalho entre maio e junho, de acordo com a última Pesquisa de Emprego e Desemprego. Para tentar amenizar a crise, as liquidações de inverno foram antecipadas e duraram mais tempo do que o de costume. Mesmo com a nova coleção nas vitrines, o desempenho do setor está lento.
Com resultados aquém do esperado, empresários se organizam como podem para manter o comércio ativo e preservar os empregos. Dessa forma, o comércio está promovendo ações para reduzir o estoque remanescente do primeiro semestre e ter um fim de ano mais lucrativo. Para atrair consumidores, vale-descontos de até 70% e sorteios de prêmios. Uma dessas iniciativas é o Liquida DF pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). A promoção começa amanhã e vai até 6 de setembro. A expectativa do setor é um incremento de 10% a 20% nas vendas em um mês normal, o que deve corresponder a um movimento de R$ 200 milhões em 10 dias. Para os clientes irem às lojas, o Liquida DF sorteará cinco caminhões de prêmios e um carro.
“Com o Liquida DF, a ideia é promover a cada 60 dias um evento grande para incrementar as vendas. Daí, virão o Dia das Crianças e o Natal, duas datas boas para o comércio”, explica Álvaro Silveira Júnior, presidente da CDL-DF. Mais de 9 mil estabelecimentos comerciais do DF e do Entorno vão participar do Liquida. Em outras 15 unidades da Federação, o setor também fará promoções.
As liquidações fora de época vão contar com o incremento no orçamento familiar da primeira parcela do 13º, que começou a ser paga ontem a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Não pensamos no 13º, foi uma feliz coincidência”, comenta Álvaro. Somente no DF, a primeira parcela vai injetar R$ 158,5 milhões, sem desconto de Imposto de Renda. Em todo o Brasil, serão R$ 12 bilhões.
Frustração
Maio é o segundo mês mais importante para os lojistas por causa do Dia das Mães. Só perde para o Natal em termos de venda. Mesmo assim, o movimento no comércio do DF aumentou de apenas 2,98% na comparação com abril. Os empresários, no entanto, esperavam aumento de 12,15%. No Dia dos Namorados, outro momento importante, o resultado foi frustrante: em vez de alta de 15%, houve queda de 0,3% nos negócios.
Memória
Culpa da alta dos preços
As liquidações começaram mais cedo no DF este ano. O inverno mal tinha começado e as promoções ganharam os shoppings e as ruas. Em época de baixo crescimento, os comerciantes decidiram antecipar as ofertas na tentativa de aumentar as vendas e, pelo menos, manter o faturamento. Boa parte das promoções começou antes mesmo da chegada da estação mais fria do ano, em 21 de junho. Os descontos foram dados progressivamente e já era possível encontrar itens com preços até 70% mais baratos nas vitrines no começo de julho. A principal explicação para a queda nas vendas é a inflação, que voltou a assustar os consumidores nos primeiros meses de 2013. O IPCA de maio mostrou uma alta nos preços de 0,37% em comparação com abril. O acumulado de 12 meses já era de 6,5%. Brasília apresentou variação mensal de 0,47%, acima do índice nacional e o quinto maior entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas.
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