Páscoa da crise tem ovos menores, mais caros e consumidores desanimados

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Por Flávia Maia e Marianna Nascimento, especial para o Correio

A Páscoa de 2016 será marcada por ovos de chocolate mais caros, menores e consumidores comprando menos. Segundo estimativas do Sindicato Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), os produtos chegaram nas prateleiras com mais de 10% de acréscimo e gramaturas menores. Por exemplo, no ano passado, um ovo pequeno que continha 300g, este ano, o peso passou para 250g e com valor maior por grama de chocolate. A indústria alega diminuição de custo, redução de margens e aumento nas vendas para produção de unidades menores. No DF, os preços podem variar de R$ 9 a R$ 462.

Em um cenário de incertezas, indústria, varejo e consumidores estão receosos. Os lojistas do DF estão mais conservadores com as vendas e esperam incremento de 2,5%, índice menor que o ano passado, quando o comércio registrou alta de 4% no período. Outra prova da desânimo do setor com a data é o estoque. Pesquisa da Federação do Comércio do DF mostrou que apenas 17,9% dos lojistas vão ampliar o estoque e 53,2% optaram por manter o mesmo nível do ano passado. “O que preocupa é que, a seis dias da Páscoa, as lojas ainda estão cheias de mercadorias. A gente acredita em um intenso movimento no sábado, véspera da Páscoa”, afirma Edson de Castro, presidente do Sindivarejista-DF.

Na opinião de Castro, a Páscoa em março prejudicou as vendas. “As pessoas ainda estão pagando as contas do Natal, do material escolar e os impostos. Elas estão endividadas, não tem dinheiro para o ovo”, explica. O empresário Júlio César Araújo, dono de uma rede de chocolaterias, conta com crescimento de 7% – acima do previsto pelo segmento. Para bater a meta, está investindo em preço, diversificação de mercadorias e propaganda. “A única situação atípica que esperamos é a superlotação das lojas nos dias mais próximos à Pascoa por conta da data que, este ano, será em março, mais cedo que o normal”.

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF.

O consumidor vem optando por mercadorias mais baratas. Até o ano passado, a moradora do Sudoeste Vera Lúcia Moreira, 72 anos, não abria mão de comprar ovos das marcas mais caras do mercado para os quatro filhos e oito netos. Com o aumento de preço, ela se viu obrigada a repensar o jeito de presentear a família e, em vez dos tradicionais ovos, comprou barras de chocolate. “Achei tudo muito caro. Este ano, só meus filhos vão ganhar ovos e, ainda assim, vão ser de marcas mais baratas”.

Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília – DF.

A estudante Júlia Azevedo, 15 anos, trabalha e, com o próprio dinheiro, compra chocolate para os pais e amigos. Páscoa é, para ela, época de ter despesas maiores com as guloseimas, mas, este ano, nem todo mundo será contemplado. “Os preços estão bem maiores. Vou reduzir o número de pessoas presenteadas, porque o custo será alto”, estima Júlia.

A moradora de Luziânia Andréia Santos, 36 anos, veio à capital em busca da sobremesa para os dois filhos, mas está resistente. “Não vou comprar agora, mas esperar para ver se os preços abaixam”, diz. Já o empresário Ricardo Oliveira, 43 anos, tomou uma decisão mais radical. “Até ano passado, era tradição comprar ovos para todo mundo e gastar até R$ 250 só com isso, mas este ano não vai ter ovo de páscoa para ninguém.”

Fiscalização

Para proteger o consumidor, o Procon-DF está fiscalizando, desde o último dia 16, lojas que vendem ovos de Páscoa. Até ontem, o órgão inspecionou 46 estabelecimentos. “A principal irregularidade é a ausência de preços, ou tabelas longe dos produtos”, explica Maurício Bomfim, diretor de fiscalização do órgão. Ele informou que o órgão não tem equipamentos para medir a gramatura do chocolate, por isso, não estão avaliando esse tipo de informação.

Flávia Maia

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Flávia Maia

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