Início do ano é momento de promessas e metas. Uma das mais corriqueiras está relacionada à vida financeira. Juntar mais dinheiro e evitar o endividamento é um dos principais objetivos dos consumidores. Com a promessa de um 2015 difícil, com inflação no teto da meta e juros altos, organizar o orçamento doméstico logo em janeiro pode ser uma boa solução para evitar a inadimplência e o descontrole financeiro no decorrer do ano, orientam os especialistas. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) realizada pelo Confederação Nacional do Comércio (CNC), em dezembro, 59,3% das famílias brasileiras estavam endividadas e 5,8% afirmaram que têm como pagar.
Deixar o orçamento familiar equilibrado logo em janeiro, quando vem uma enxurrada de contas, como impostos, matrícula e material escolar, além das parcelas vindas das compras de Natal, pode ser um bom começo para um ano tranquilo financeiramente. Segundo pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), 48% dos brasileiros conseguirá se livrar das dívidas de Natal apenas em maio de 2015.
Mas o desafio dos consumidores é arrumar o orçamento em um período em que serviços sobem em velocidade mais alta que a inflação, de 6,5%. No Distrito Federal, por exemplo, o serviço de energia elétrica subiu 18,88%, assim como as mensalidades escolares de algumas escolas chegou a ter incremento de 17%. “A conta do orçamento doméstico tem que ser sempre positiva, ou equilibrada, nunca negativa. Se itens essenciais do cotidiano como energia e escola estão subindo, a família tem que reduzir os gastos em outros itens ou buscar novas fontes de renda”, orienta Álvaro Modernell, educador financeiro.
Modernell orienta ainda que a família coloque as contas em uma planilha. “Assim, a família vai saber o que comprou e não aproveitou e que pode ser cortado”, explica. O educador orienta que as famílias façam poupança para emergências. “Ainda mais em um período que existe insegurança em relação a emprego, é importante ter uma reserva”.
Na casa da empreendedora Vanusse Calazans, 32 anos, as despesas são grandes. Ela é proprietária de duas lojas, tem três filhas e está grávida de um menino. A empresária conta que o marido, Elisaldeni Carreira, 51 anos, é o responsável por organizar as despesas e janeiro mal começou, mas as contas se acumula. Além de matrícula das filhas na escola, tem material escolar, atividades extracurriculares e impostos como Imposto sobre Propriedade Territorial e Urbana (IPTU) e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Para os livros e outros materiais escolares, a família começa a levantar os preços e guardar o dinheiro em outubro. “Nem cogitamos viajar em janeiro e dezembro porque tudo fica mais caro. Para montar o enxoval do bebê, viajamos para Orlando, nos Estados Unidos, pois, por mais que o dólar esteja um pouco mais alto, ainda compensa”, contou Elisaldeni.
Para resolver as contas, ela acredita que o ideal seja separar quantias no decorrer do ano. “Lá em casa a gente sempre coloca um valor médio por mês de gastos extras, como problemas no telha, por exemplo. Assim, evitamos mexer muito nor orçamento”, calcula. No comércio, Vanusse também precisa se organizar. “Sentimos uma baixa muito grande. Normalmente, dezembro era um mês forte, por conta das festas de fim de ano e do verão, mas esse ano só encheu na semana do Natal e do Ano Novo”, comentou a empresária que é dona de duas lojas de estética.
Juros Altos
Outro problema de ajustar as contas em um período de juros altos. Segundo índices do Banco Central, a média anual de juros foi de 44,20%. Uma pesquisa feita pela Proteste Associação de Consumidores realizada no início de 2014 mostrou que a taxa média anual de juros nos cartões de crédito brasileiros é de 280,82%. Alguns bancos chegam a cobrar até 700% no rotativo.
Diante desse cenário, o professor do Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília (UnB), Roberto Piscitelli, recomenda cautela neste início de ano. “É necessário um cuidado um pouco maior que os outros anos, em virtude da transição de governo que confere mais incertezas com relação a política econômica”, explicou. Ele sugere que as pessoas não se endividem nem façam dívidas a longo prazo. “Já temos anúncio de aumento de juros, então, as pessoas não podem brincar com a incerteza e a instabilidade para não ter dificuldades a médio prazo”, completou.
Segundo o professor, o país continua crescendo, mas menos do que nos anos anteriores. Além disso, o mercado de trabalho não está no melhor momento. “O número de ofertas não vai continuar como antes, pois já existe um processo de desaceleração e as novas oportunidades não chegarão com a mesma rapidez. Além disso, a renda média das pessoas, por mais que siga aumentando, cresce com porcentagens menores”, afirmou.
Para saber mais:
Tramita no Congresso Nacional projetos de lei (PL) que visam modificar o Código de Defesa do Consumidor. Um dos PLs prevê medidas para evitar o superendividamento. O chamado PL do superendividamento prevê que uma pessoa considerada superendividada será aquela com 30% da renda comprometida com crédito consignado com desconto em folha. Caso o crédito não seja consignado, o superendividado será aquele que tenha a renda comprometida e não consiga manter as despesas mensais de educação, alimentação e moradia. A propaganda enganosa, que usa expressões como “sem juros” e “taxa zero”, será proibida. Além disso, se o consumidor não fornecer os dados corretos de despesas e outras informações bancárias poderá não ser assistido pela lei que o beneficia, uma vez que agiu de má fé.
Despesas de início de ano:
>> Parcelas das compras de fim de ano
Quem optou por parcelar as compras de Natal via cartão de crédito e crediário deve evitar atrasos. Em 2014, segundo dados do Banco Central, a média anual de juros foi de 44,20%.
>> IPTU e IPVA
Para quem tem dinheiro disponível – na poupança, por exemplo – a orientação dos educadores financeiros é de aproveitar os descontos da cota única. No DF, a economia será de 5%. Os contribuintes que não tem o dinheiro em caixa podem parcelar, que é uma opção melhor do que recorrer a empréstimos e cheque especial por causa dos juros. Quem tem Nota Legal pode usar o desconto.
>> Mensalidade escolar
Algumas escolas de Brasília subiram as mensalidades acima do índice de inflação, por isso, é importante evitar atrasos e multas. Os pais podem também tentar um desconto com a instituição de ensino. Se o consumidor tiver algum problema financeiro e não puder pagar a mensalidade, deve procurar a escola para negociar a dívida atrasada, se possível sem juros.
>> Material escolar
Faça a pesquisa de preços e, tendo disponibilidade, realize o pagamento à vista, com descontos que podem passar dos 10%. Caso não tenha disponibilidade para pagamento à vista procure parcelar, de preferência, sem juros. Cuidado para não atrasar no cartão de crédito, as multas e juros são altos.
>> Cartões de crédito
Cuidado com as dívidas de cartão de crédito, principalmente com o pagamento do mínimo, conhecido como rotativo. Preste atenção também nas anuidades e tarifas. Busque alternativas, negocie com a operadora para, se possível, não pagar nenhuma taxa de manutenção do cartão. Caso o seu cartão não permita retirar a taxa de anuidade, negocie com outra operadora. Normalmente os cartões dão crédito pré-aprovado para ser utilizado, não esqueça que os preços são altos.
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