Por Patrícia Nadir*
Com a aproximação do Natal, os consumidores começam a planejar os gastos. Em meio a uma época de crise econômica, muitos decidem reduzir despesas com a ceia e os presentes, mas há quem prefira jogar as dívidas para frente, optando por comprar a prazo. Embora esta última alternativa possa parecer como um bom caminho para fugir do aperto de fim de ano, especialistas chamam a atenção para a importância de evitar o uso do crédito por impulso. No Distrito Federal, 26,2 % dos consumidores pensam em parcelar as compras neste fim de ano, de acordo com dados da Federação do Comércio local (Fecomércio-DF).
A publicitária Mônica Lemos, 33 anos, está animada com as compras de Natal. A moradora de Taguatinga garante que pelo menos os presentes para dois amigos-secretos estão garantidos. “Todo ano, participo de brincadeiras de troca de presentes. Além disso, há vários outros gastos inevitáveis, o que torna o parcelamento uma opção atraente”, acredita a comunicadora.
O advogado especialista em direito do consumidor Vinícius Fonseca destaca que é preciso ficar atento às falsas ofertas que envolvem a matemática financeira na hora de dividir o valor de uma aquisição.
“Na maioria das vezes, o pagamento a prazo esconde alguma vantagem para o vendedor de forma aparentemente oculta. Portanto, o cliente deve ficar alerta com os prazos de pagamento e as taxas de juros”, aconselha.
Fonseca lembra que a oferta de parcelamento oferecido pelas lojas e as facilidades para obtenção de cartões de crédito contribuem para o endividamento.
A fim de fugir de transtornos financeiros, o professor Guilherme Silvério, 40 anos, optou por não presentear a família e os amigos. Sem dinheiro no fim de ano, ele preferiu não recorrer ao pagamento a prazo. “Uma vez fiz a besteira de pagar o valor mínimo da fatura. A dívida foi crescendo como uma bola de neve. Durante meses tentei quitar o valor, que não parava de aumentar, mas acabei tendo que pedir um empréstimo para saldar essa dívida.” O professor diz que a dívida fica quase impagável, optando pelo pagamento mínimo, por isso, agora, prefere sempre pagar à vista.
Cautela
Assim como fez o professor Guilherme, volta e meia os consumidores fazem o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito. A opção é uma armadilha, alerta a advogada Elena Lariucci, vice-presidente da comissão de direito bancário da OAB-DF. “É para ser usada apenas em situações de extrema necessidade, quando não há nenhum outro jeito. Não é válida para aqueles casos em que a vontade é só que sobre algum dinheiro no mês”, reforça a especialista. Ela lembra que logo em janeiro começam as compras do material escolar, um gasto expressivo para as famílias. Elena diz que o ideal é o consumidor somar todas as parcelas e avaliar se cabem no orçamento, além de estar atento que os juros de cartão de crédito só perdem para os do cheque especial.
Embora a dica seja ter cuidado com os parcelamentos, isso não significa que é preciso fugir do crédito para conseguir ter uma vida financeira saudável. Fonseca destaca que o consumidor precisa evitar atrasar os pagamentos e o hábito de pagar apenas o mínimo da fatura.
Mãe de cinco filhos, a doméstica Maria Penha Santos, 50 anos, considera o cartão de crédito a melhor possibilidade para presentear a família e arcar com todas as despesas das festas de fim de ano. “O que eu faço para evitar problemas é sempre perguntar sobre os possíveis seguros e as taxas embutidas nas compras a prazo, principalmente no crediário”, diz.
A torcida para o aumento do consumo neste Natal é alta. Para 39% dos comerciantes de todas as capitais, as vendas devem superar o resultado do ano passado, de acordo com levantamento da Pesquisa Nacional de Expectativas de Compras para o Natal 2017, realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Presentes
De acordo com estudo do Instituto Fecomércio-DF, o brasiliense deve gastar, em média, R$ 293,70 com os presentes de Natal, sendo que 66,8% pretendem pagar em dinheiro, 7% no débito e o restante no cartão de crédito.
26,2 %
dos consumidores pensam em parcelar as compras de fim de ano
*Estagiária sob a supervisão de Margareth Lourenço (especial para o Correio)
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