A Cascol tem um interventor escolhido: Wladimir Eustáquio Costa. O executivo assume a empresa a partir do dia 12 de abril e deve permanecer no cargo por, no mínimo, seis meses. O anúncio foi feito na manhã de ontem pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A escolha ocorre 25 dias depois da Cascol entregar a lista com nomes de possíveis administradores. O grupo empresarial, que tem 30% de participação no mercado local, é acusado de liderar um cartel no setor de postos de combustíveis no Distrito Federal.
Até o próximo dia 28 de março, o administrador provisório e a Cascol devem apresentar ao Cade a minuta do contrato firmado entre eles, considerando-se os deveres impostos pelo órgão. Costa será o elo entre a empresa e o Cade, prestando esclarecimentos e dando informações. Entre as obrigações previstas está a de o interventor manter preços diferentes dos combustíveis – gasolina, etanol e diesel – de forma adequada e em acordo com os respectivos custos. “Abstendo-se de, por exemplo, manter os preços do etanol artificialmente elevados a fim de evitar concorrência com a gasolina”, descreve a nota técnica do Cade. Em caso de descumprimento das medidas impostas pelo Cade, a multa imposta é de R$ 8 milhões cumulada com uma pena diária de R$ 300 mil.
O prazo de quase um mês entre o anúncio do nome escolhido e começo da intervenção foi dado pelo Cade com o objetivo de permitir que o administrador provisório se desligue de suas atividades atuais, garantindo, dessa forma, sua dedicação integral às atribuições.
O interventor da Cascol vai gerir toda a rede de postos a pedido da própria Cascol. A proposta anterior apresentada pelo Cade previa a intervenção em dois terços da empresa. O administrador terá o salário pago pela Cascol e pleno acesso a todas as informações de compra e vendas de produtos, presentes e passadas, como preços, volume e quantidades. Ele também poderá contratar, demitir e estabelecer remuneração dos funcionários.
Costa é conhecido no ramo de combustíveis. Sua carreira profissional foi construída na área de distribuição da Chevron Texaco, onde foi diretor-regional em Curitiba (PR), Goiânia (GO), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). No currículo ele ainda tem passagem como diretor nacional de marketing da empresa.
Em nota, a Cascol informou que ainda não foi comunicada oficialmente pelo cade e que, por isso, ainda não vai se manifestar sobre a escolha.
A intervenção no grupo Cascol é um desdobramento da da Operação Dubai, deflagrada no dia 24 de novembro do ano passado. Na ocasião, sete pessoas foram presas suspeitas de participação em um cartel de combustíveis. Entre os detidos estavam o presidente do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis, José Carlos Ulhôa, e o empresário Antônio Matias, da rede Cascol. De acordo com os investigadores, havia uma combinação de preços entre distribuidores e revendedores. O sobrepreço teria proporcionado lucro de cerca de R$ 1 bilhão aos envolvidos no esquema este ano.