Vazamento de dados pessoais, entre eles o CPF, comprometem segurança de clientes do site. Ministério Público pede que Netshoes avise os afetados, entre eles servidores de órgãos públicos
Por Augusto Fernandes, especial para o Correio
Quase 2 milhões de usuários cadastrados no site de compras Netshoes tiveram informações pessoais vazadas. Dados como nome, CPF, e-mail, data de nascimento e histórico de compras dos clientes foram roubados por hackers. Diante do incidente, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou que a empresa entre em contato com cada uma das vítimas para informar sobre o ocorrido. A Netshoes tem três dias para responder se acata ou não a recomendação do Ministério Público. Se a resposta for negativa, o Ministério Público deve entrar na Justiça.
Informações como cartão de crédito e senhas não foram reveladas, mas 1.999.704 contas foram invadidas. A Polícia Federal investiga o caso. De acordo com o documento expedido pelo promotor de Justiça da Comissão de Proteção dos Dados Pessoais, Frederico Meinberg, os clientes prejudicados receberam apenas um e-mail genérico sobre segurança digital, e diante da gravidade do acontecido, a Netshoes terá de informar com mais clareza a cada um dos usuários atingidos o vazamento de informações e possíveis consequências.
De acordo com a recomendação do MPDFT, o problema de segurança atingiu centenas de servidores públicos. Entre as vítimas, há clientes registrados com e-mails de órgãos como o Tribunal de Contas da União (@tcu.gov.br), a Câmara dos Deputados (@camara.leg.br), o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (@tjdft.jus.br), a Polícia Federal (@dpf.gov.br), o Superior Tribunal de Justiça (@stj.jus.br), o Supremo Tribunal Federal (@stf.jus.br), o Ministério da Justiça (@mj.gov.br), a Advocacia-Geral da União (@agu.gov.br) e a Presidência da República (@presidencia.gov.br).
O promotor responsável pela recomendação classificou o vazamento como um dos maiores incidentes de segurança registrados no Brasil, e acredita que os afetados estão sujeitos a uma série de transtornos. “Essas informações, nas mãos erradas, deixam as pessoas vulneráveis a diversas espécies de fraudes”, explicou em nota publicada pelo MPDFT.
O Correio tentou contato com a empresa, mas até a publicação dessa matéria não obteve resposta