Aumento no preço das tarifas públicas impacta no orçamento familiar

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Os reajustes nas tarifas de serviços públicos como transporte coletivo e energia elétrica começaram a pesar no bolso do brasiliense. A medida do impacto veio na inflação do Distrito Federal e o índice geral de 1,25% registrado no mês de setembro foi mais alto do que o nacional, que ficou em 0,54%. Nem mesmo a deflação de itens de peso na composição do índice inflacionário como alimentação e educação foram suficientes para diminuir a inflação no DF, que foi a mais alta registrada em setembro entre as 11 cidades analisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A previsão de especialistas é que inflação continue crescente em outubro, com a pressão do aumento das mensalidades escolares e do transporte coletivo.

De acordo com o estudo apresentado ontem pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), o aumento na passagem de ônibus anunciado no pacote de austeridade do governador Rodrigo Rollemberg foi um dos fatores que mais contribuiu para a composição do índice inflacionário. Os gastos com ônibus urbano subiram 8,33% e, segundo projeções de técnicos da Codeplan, a repercussão do aumento deve estender para o próximo mês porque a diferença começou a ser cobrada nas catracas na metade do mês de setembro. “Em outubro, a taxa de inflação também deve incorporar os aumentos de passagem porque vai fechar o mês completo”, analisa Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de contas e estudos setoriais da Codeplan.

No fim de agosto, os governos federal e local anunciaram dois aumentos que pesaram no orçamento familiar. Um deles é a revisão tarifária anual aplicada na conta de energia elétrica dos clientes da Companhia Energética de Brasília (CEB). O reajuste, que começou a ser cobrado em setembro, somado aos custos com a bandeira vermelha, pesaram em 11,7% a mais para o consumidor – isso sem contar os efeitos em cascata, ou seja, acréscimos no preço de serviços e produtos por causa da eletricidade. “Não podemos prever se a energia vai continuar nessa crescente porque dependemos dos níveis dos reservatórios e se a bandeira vermelha vai continuar ou não ativa”, explica Jusçanio.

O outro reajuste é o de gás de botijão. A Petrobrás aumentou o preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) nas distribuidoras em 15% no dia 31 de agosto. O impacto na ponta da cadeia de consumo no DF foi de 19,23%, um dos aumentos mais expressivos no mês.

Alívio na pressão

A alimentação, que vinha em constante crescente desde o início do ano, deu um alívio para o consumidor. O Índice Ceasa do Distrito Federal apontou um recuo de 1,35%, puxado por legumes, verduras, ovos e grãos. No grupo alimentação apenas as frutas tiveram alta de 0,51%, por causa do maracujá e das cítricas como laranja e limão. “Este ano, o governo concedeu poucas outorgas de irrigação e essas frutas precisam de muita água. Sem a chuva, elas ficaram mais raras e mais caras”, analisa João Bosco Soares, economista do Ceasa. Em relação à queda do preço das verduras e legumes, Soares credita às condições climáticas. Culturas como hortaliças folhosas, cebola e tomate, se dão melhor em período de estiagem e com irrigação direcionada. O tomate, símbolo recorrente da inflação, fechou em baixa de 19,57%.

A inflação de setembro apontou ainda desaquecimento na economia local em importantes segmentos como a construção civil e varejo. Produtos como cimento e tijolos, por exemplo, tiveram deflação. “Isso é um claro sinal da queda da construção civil que estão demandando menos material”, analisa Jusçanio.  Itens de vestuário como bolsa, sapato masculino e lingerie, também apresentaram redução no preço. “A crise assustou a todos. O brasileiro se retraiu e parou de comprar, com isso, o comércio ficou com estoque e teve que liquidar e baixar preços”, complementa Jusçanio. Na opinião de Lucio Rennó, presidente da Codeplan, as famílias diminuíram o consumo por conta da alta da taxa de desemprego e diminuição da renda.

Entre os itens que mais subiram em setembro estão as passagens aéreas com aumento de 22,83%. “As passagens aéreas têm muita sazonalidade em relação à feriados e férias”, explica Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de contas e estudos setoriais da Codeplan. Jusçanio também considerou a alta da querosene para aviação civil como um dos motivos para a alta.

Campeões na inflação: 

Brasil 0,54

1º Brasília (DF) 1,25

2º Grande Vitória (ES) 1,13

3º São Paulo (SP) 0,71

4º Fortaleza (CE) 0,57

5º Porto Alegre (RS) 0,56

6º Curitiba (PR) 0,54

7º  Rio de Janeiro (RJ) 0,49

8º  Belo Horizonte (MG) 0,41

9º Salvador (BA) 0,27

10º Recife (PE) 0,17

11º Belém (PA) 0,13

Vilões do orçamento familiar no DF

Gás de botijão: 19,23%

Energia elétrica residencial: 11,7%

Passagem aérea: 22,83%

Ônibus urbano: 8,33%

Maracujá: 38,51%

Limão Tahiti: 33,52%

Laranja-pera: 16,97%

Itens que diminuíram o preço

Cebola: -36,77

Abobrinha: -21,9%

Tomate: – 19,57%

Couve-manteiga: -18,18%

Cimento: -0,92%

Tijolo: -1,04%

Detergente: -2,04%

Foto: Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Flávia Maia

Publica por
Flávia Maia

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