VISÃO PANORÂMICA DO AMOR

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Perdi a conta das vezes em que recebi pacientes sofrendo por uma separação, com o fim de um relacionamento amoroso. Os sentimentos vão de tristeza a sensação de que o mundo acabou. E, entre esses extremos, vivemos a saudade, a sensação de vazio, a ideia de que nunca mais seremos felizes novamente e por aí vai! Eu entendo isso perfeitamente. Afinal, quem nunca, não é mesmo?

Quando um amor nos deixa, leva com ele o sonho da felicidade, da completude, ficando em nós a sensação de termos perdido a metade da laranja, a alma gêmea. Até mesmo se o relacionamento não era lá essas coisas todas, até mesmo se ele era ruim ou péssimo. Começam a vir as lembranças das coisas boas que aquela relação nos proporcionou – algumas podem nem terem acontecido como nos lembramos ou nem terem sido realmente boas. E, nesse momento de dor, pensar nas alegrias perdidas pode nos tirar a visão do relacionamento como um todo e nos afundar na tristeza. É sofrência em cima de sofrência!

Lembro de uma paciente que casou com seu primeiro namorado. Ele, depois de um tempo, bebia e se drogava a ponto de não conseguir parar em trabalho nenhum, colocando em risco a saúde física, a saúde mental e a saúde financeira do casal e das quatro filhas que tinham. Mesmo assim, ela não podia nem pensar numa separação. Quando falávamos sobre isso, dizia que não conseguiria viver sem os braços fortes e cabeludos daquele homem, mesmo que os abraços entre eles fossem cada vez mais raros.

Recordo-me também de outra paciente, uma que havia vivido cerca de trinta anos de um casamento recheado de desilusões, traições, por parte do marido, que começaram já na noite de núpcias, que ela passou sozinha enquanto ele se divertia com outra que tinha acabado de conhecer no hotel. Com os filhos todos adultos, ele resolveu constituir nova família. Ela, após amargar três longos anos de uma depressão devastadora, chegou a mim literalmente arrasada, mesmo ele tendo sido generoso com ela no que se referia à divisão de bens e questões financeiras.

Mas, quando lhe perguntei o que de bom havia desaparecido da sua vida com a separação, ela, depois de muito pensar, lembrou das peças de queijo e presunto que ele comprava todo sábado de manhã e que a família comia em forma de misto-quente durante o fim de semana, quando os filhos e os netos só queriam saber de banho de piscina. Até as crianças conseguiam se virar sozinhas na hora de fazer os sanduíches.

Tudo bem que essa providência dele facilitava muita coisa. Mas é lamentável ter apenas isso como saldo positivo de um casamento de uma vida inteira. E ela não conseguia se lembrar de mais nada bom, embora não parasse de sofrer com a separação. Quando refletiu sobre seu próprio relato e caiu em si, essa paciente deixou de chorar. Não havia motivo para tanto. Ao contrário, havia motivo para comemorar. E, acreditem, ela literalmente comemorou numa manhã em que sonhou com a volta dele pra casa, acordou apavorada e entendeu que tinha sido um pesadelo. Pensem numa mulher feliz por não ter mais que viver uma vida de dissabores!

Nenhum relacionamento é perfeito. Nós ainda estamos longe da perfeição. Mas, muitas vezes, sofremos horrores por gente que não mereceria nem uma única lágrima, que seria sumariamente reprovada caso o conjunto da obra fosse submetido à mais básica das análises. O difícil é conseguirmos nos distanciar emocionalmente o bastante para termos essa visão panorâmica, como se olhássemos a relação do alto, durante um sobrevoo de balão. Difícil, mas não impossível, além de ser imprescindível! Se você não está conseguindo subir no balão, busque ajuda! É verdade quando dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.

Nosso blog está de volta! Você pode comentar este texto logo depois dos anúncios, mesmo que você não seja assinante do jornal. Ou pode mandar um comentário para mim por WhatsApp no (61)991889002, para que eu o publique. Valeu!

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MARACI SANT'ANA

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