UM NOVO E FINALMENTE PRÓSPERO ANO

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Em janeiro publiquei o texto CONHECE-TE A TI MESMO. Nele falei sobre a clássica lista de propósitos, de projetos para o novo ano que muitas vezes esquecemos numa gaveta enquanto tocamos a vida da mesma maneira, sem nada realizar. E contei o caso de uma moça que, há mais de 15 anos, dedica-se a estudar para concurso público, sem sucesso e sem parar para refletir sobre o que a está impedindo de realizar o sonho de um trabalho estável, seguro.

Várias situações podem nos impedir de concretizar nossos desejos. Uma delas, que tem sido bastante falada ultimamente, é a procrastinação, tantas vezes confundida com a preguiça que sentimos quando temos que realizar uma tarefa entediante. Então, antes de falar sobre procrastinação, quero falar sobre preguiça contando uma história que aconteceu com um amigo meu que adorava criar galinhas, mas só conseguiu entrar em acordo sobre isso com a esposa quando jurou de pés juntos que limparia o galinheiro a cada final de semana.

No começo foi fácil e até divertido para ele, mas não demorou para surgir a preguiça. Assim, a limpeza que ele fazia aos sábados pela manhã foi sendo empurrada com a barriga para os finais das tardes de domingo, depois do churrasco e da cerveja, o que significava uma limpeza bastante duvidosa. Só que a esposa marcava em cima e ele passou a fugir dela dentro de casa como o diabo foge da cruz. Já começava a sofrer na sexta-feira e arrastava esse sofrimento até a inevitável limpeza. Um tormento!

Até que ele tomou a decisão de voltar a limpar o galinheiro aos sábados, logo cedo, mesmo que estivesse morrendo de preguiça, pra se livrar. O resultado disso? Os finais de semana dele mudaram radicalmente. A esposa parou de cobrar, ele parou de sofrer e voltou a sentir alegria na tarefa. Até as galinhas ficaram mais felizes. Um exemplo de superação interessante, não é mesmo? Só que nem sempre se trata de preguiça. Por trás da procrastinação também podem estar escondidos problemas psiquiátricos, neurológicos ou emocionais que nem imaginamos que temos ou temos enorme dificuldade para enfrentar.

Então vou lhes contar uma experiência minha. Há algum tempo, eu vinha percebendo que minha memória e minha capacidade de raciocínio claro, objetivo, não eram mais os mesmos. E a coisa só piorava. Procurei um neurologista que me foi super bem recomendado por dois médicos amigos, para saber da possibilidade de um diagnóstico precoce de demência. Mas, para meu espanto, o diagnóstico que ele me deu foi de TDA (Transtorno de Déficit de Atenção). A partir daí, problemas que tive durante a infância como dificuldade para decorar coisas da escola; viver perdendo objetos; não conseguir lembrar de lojas e ruas por onde passava todos os dias por anos, que deixavam meus pais abismados, começaram fazer sentido.

Mesmo sem diagnóstico e a devida assistência, consegui realizar muitas coisas ao longo dos meus 66 anos. Só que tudo foi conquistado na marra, com um esforço que, com o passar do tempo, foi me deixando exausta, desmotivada e me fazendo procrastinar a realização de muitos dos meus sonhos. Mas a medicação prescrita pelo neuro, um comprimido que tomo por dia, mudou tudo. Minha memória e meu raciocínio estão melhores do que jamais foram. E, pra mim, agora a vida flui como deve ser, sem que eu precise matar um leão por dia.

Agora vou lhes contar o caso de um paciente meu que mudou a própria história com uma medida que lhe parecia bem difícil, até absurda, embora simples. Ele mantinha um relacionamento doentio com a mãe, uma pessoa cheia de problemas que acreditava que os problemas estavam nos outros. O clima na casa dele sempre foi péssimo e piorou quando o pai dele desistiu de se entender com a esposa e passou a viver num mundo só seu. Continuar morando com eles e mantendo a casa foi tudo o que esse pai conseguiu fazer pelo filho.

Com essa genética e esses exemplos, o garoto cresceu porque não crescer não era uma opção. Perto dos 40 anos, conseguiu um emprego em outro estado e se mandou, imaginando que estava a salvo. Só que a mãe ligava religiosamente aos domingos no começo da noite. Quando o telefone tocava, ele já sabia que era ela. Conversavam durante cerca de 1 hora. Nos primeiros 15 minutos, falavam sobre amenidades. Mas, nos 45 minutos seguintes, ela se dedicava a reclamar, gritar, xingar, praguejar.

Ela só não batia nele porque não conseguia passar pelo fio mas, quando se cansava, batia o telefone. A ele não restava nada além de tomar um analgésico e ir pra cama com a cabeça pra explodir e possuído pela raiva. No começo, isso comprometia as noites de domingo e as segundas-feiras dele. Só que, com o tempo, a situação foi se agravando e logo ele não tinha energia para quase mais nada, arrastando-se pela semana na expectativa da malfadada ligação de domingo.

Quando ele me procurou, estava sendo acompanhado por um psiquiatra. A medicação antidepressiva o ajudava muito, mas ele não conseguia lidar com a mãe, que parecia adivinhar que ele estava tentando se salvar e cada vez apertava mais o cerco, mesmo que só por telefone. Até que eu lhe dei uma dica bem simples que revolucionaria aquela situação. Não foi fácil porque ele estava preso a crenças limitantes ligadas ao respeito que devemos a pai e mãe, que o faziam procrastinar. Ele sofreu muito entre a cruz e a caldeirinha por algum tempo, até que decidiu aceitar minha orientação.

Assim, quando a mãe ligava, ele conversava com ela as amenidades de sempre e, ao perceber que a coisa ia começar a descambar pra baixaria, inventava que o interfone ou a campainha da casa estava tocando; que a comida estava queimando; ou que estava tendo uma tremenda dor de barriga, desligava a ligação e tirava o volume do telefone. Só voltavam a se falar no domingo seguinte.

Essa medida não apenas evitava que ele terminasse o domingo possuído, como o fazia se sentir no controle da própria vida. A semana dele começou a transcorrer melhor porque, quando pensava na mãe, ele sabia que conseguiria dar atenção a ela, cumprindo seu dever de filho, sem se estressar. Ele entendeu que é preferível amar por 15 minutos a odiar por uma semana inteira. E entendeu também que o poder está nas mãos de quem o concede. Agora estava livre e tinha energia emocional e física para cuidar da própria vida, tocar em frente seus projetos.

Então, sugiro a vocês que, em vez fazerem uma nova lista de desejos para 2025, busquem as listas antigas e reflitam acerca do que os impediu de realizar o que nelas está registrado. Como eu disse em CONHECE-TE A TI MESMO, precisamos identificar a nossa responsabilidade em cada fracasso e tomar providências, deixando de lado o pensamento mágico de que uma mudança no número do ano resolverá tudo. A palavra-chave é sempre autoconhecimento.

Às vezes o primeiro passo precisa ser buscar ajuda profissional para conseguir uma visão panorâmica da vida, identificar os gargalos e resolver o que precisa ser resolvido o quanto antes. Muitas vezes, um comprimido diário ou uma estranha dica muda o rumo de uma história, como aconteceu nos exemplos que dei. Mas só nós podemos começar esse processo. Quer fazer um lindo futuro? Então procure aprender com o passado mantendo o devido distanciamento emocional, sem nele se prender pela culpa. É graças ao passado, nos nossos acertos e principalmente nos nossos erros, no conjunto da nossa obra, que encontramos um futuro próspero.

E, por mais difícil e assustador que tudo isso possa lhe parecer, você consegue porque carrega a Centelha Divina, é parte deste Todo maravilhoso onde só há perfeição. A vida é um presente inigualável, uma tremenda oportunidade. Ela não deve ser arrastada, deve ser vivida. Um 2025 cheio de paz e realização de sonhos para todos!

Aproveito para sugeria a leitura dos textos OS PREGOS NO NOSSO ELÁSTICO, NOSSAS CRENÇAS LIMITANTES e CONHECE-TE A TI MESMO.

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MARACI SANT'ANA

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